Radar do mercado: Eneva (ENEV3) comunica vitória em leilão

A ENEVA S.A. comunicou na última sexta-feira de maio (31), aos seus acionistas e ao mercado em geral que seu projeto de geração termelétrica UTE Jaguatirica II, com capacidade instalada de 132,3 MW, a ser implantado no município de Boa Vista, no estado de Roraima, sagrou-se vitorioso no Leilão para Suprimento a Boa Vista e Localidades Conectadas de 2019, da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).

 

O contrato prevê que a UTE Jaguatirica II terá compromisso de entrega de potência de 117 MW, totalmente flexível, pelo prazo de 15 anos, a contar do dia 28 de junho de 2021.

Durante o período estipulado, a usina receberá receita fixa anual da ordem de R$ 429,3 milhões, na data-base de novembro de 2018, reajustada anualmente pelo IPCA. Além disso, quando despachada, a usina receberá receita variável equivalente aos custos de combustível e custos variáveis de operação e manutenção.

A título de explicação, os contratos de geração de energia a gás funcionam da seguinte maneira: há uma receita fixa anual, independente do despacho, e um valor variável sempre que a usina é chamada a despachar. O Operador Nacional do Sistema define quando a usina deve ou não produzir.

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Este valor da receita fixa anual surpreendeu positivamente o mercado, para um contrato de 117 MW. Para se ter uma base de comparação, em outra usina da empresa, Parnaíba II, no Maranhão, com 500 MW, a receita fixa é de R$ 522 milhões.

O contrato é estimado como tendo um valor presente líquido de pouco mais de R$ 1 bilhão, frente a um valor de mercado de R$ 7 bilhões da Eneva.

O fornecimento de gás para a UTE Jaguatirica II marcará o começo da exploração do gás do campo de Azulão, no Amazonas, arrematado da Petrobras no começo de 2018. O campo tem volume de reservas, certificadas pela consultoria independente Gaffney, Cline & Associates, de 3,6 bilhões de metros cúbicos de gás natural.

A ENEVA irá desenvolver a produção de gás e a geração termelétrica de forma integrada, replicando em uma nova geografia o modelo de negócios Reservoir-to-Wire (R2W). O projeto integrado Azulão-Jaguatirica contará com um gasoduto virtual para transporte do gás natural do Amazonas até Roraima, incluindo:

  • Produção de gás natural no Campo de Azulão;
  • Tratamento e liquefação do gás produzido, permitindo estoque e transporte na forma de gás natural liquefeito (GNL);
  • Transporte rodoviário do GNL do Campo de Azulão até Boa Vista, em área adjacente à UTE Jaguatirica II, através de tanques criogênicos de GNL;
  • Tancagem do GNL em área adjacente à UTE Jaguatirica II;
  • Regaseificação do GNL para utilização na geração termelétrica.

A companhia espera iniciar a implantação do projeto integrado ainda no primeiro semestre deste ano. O investimento total estimado é R$ 1,8 bilhão, sendo 40% em moeda estrangeira.

O risco do projeto é a execução, pois este possui mais complexidade do que os do maranhão, onde as usinas da ENEVA foram construídas na boca do poço de gás.

No mais, Boa Vista é a única capital não conectada ao SIN (Sistema Interligado Nacional), exposta, portanto, ao abastecimento da Venezuela e suplementada por usinas térmicas a diesel. A capital importa cerca de 70% de sua energia da Venezuala, que por sua vez, contribuiu com 85% dos apagões do sistema em 2018.

Por fim, acreditamos que a notícia é bastante positiva para a companhia. Entendemos que ela apresenta um bom potencial de crescimento, apresentando resultados consistentes nos últimos períodos.

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    Tiago Reis
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