Zona do Euro: recuperação econômica perde força, sugerem pesquisas

A recuperação econômica da zona do euro durante a pandemia do coronavírus (covid-19) estaria perdendo força após vários meses de melhora, informou uma pesquisa realizada pela consultoria IHS Markit e divulgada nessa sexta-feira (21).

Segundo a pesquisa, o Índice de Gerentes de Compras (PMI na sígla inglês) da zona do euro caiu para 51,6 em agosto, ante 54,9 em julho.

Embora uma leitura acima da marca de 50 indique que a maioria das empresas tiveram expansão na atividade, ainda foi abaixo das expectativas de economistas.

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O PMI demonstrou que o setor de serviços foi o mais afetado nesse mês, ainda que outros setores também tenham sofrido contrações.

Após uma contração histórica de mais de 15% nos primeiros dois trimestres desse ano, os economistas esperavam até recentemente que a economia da zona do euro se recuperasse fortemente no terceiro trimestre, apontou a pesquisa.

No entanto, o recente ressurgimento de contágios por coronavírus em muitos países europeus a níveis não vistos desde maio desencadeou novos requisitos de quarentena e bloqueios localizados, levantando dúvidas sobre o avanço da recuperação.

“A recuperação da zona do euro perdeu força em agosto, destacando a fraqueza inerente da demanda provocada pela pandemia de Covid-19”, afirmou Andrew Harker, diretor do IHS Markit. “A recuperação foi prejudicada por sinais de aumento nos casos de coronavírus em várias partes da zona do euro”.

O diretor reiterou que os pedidos das empresas continuaram a aumentar em agosto, mas o ritmo de crescimento desacelerou, enquanto “as empresas na zona do euro continuaram a reduzir seus níveis de funcionários” para refletir a fraca demanda em alguns setores da economia.

Ele disse que os pedidos das empresas continuaram a aumentar em agosto, mas o ritmo de crescimento desacelerou, enquanto “as empresas na zona do euro continuaram a reduzir seus níveis de pessoal” para refletir a fraca demanda subjacente e a confiança empresarial.

Atividade econômica da zona do euro

O PMI da França caiu de 57,3 em julho para 51,7 em agosto, quando a atividade empresarial foi atingida por uma contração inesperada no setor manufatureiro francês.

Enquanto isso, na Alemanha, foi o setor de serviços que sofreu desaceleração, compensando uma recuperação contínua na indústria e puxando o índice alemão de 55,3 em julho para 53,7 em agosto.

“Na França, estamos particularmente preocupados com o ritmo de corte de empregos tendo aumentado novamente em agosto”, disse Moritz Degler, economista da Oxford Economics. “Na Alemanha, enquanto a taxa de cortes de empregos diminuiu, os empregos nos serviços e na indústria continuaram caindo.”

O câmbio do euro caiu cerca de 0,4% em relação ao dólar depois que a notícia foi divulgada. Os mercados de ações, no entanto, ignoraram as más notícias e o índice europeu Stoxx 600 subiu 0,5 % no dia.

Christoph Weil, economista do Commerzbank, disse que os dados “confirmaram nossa avaliação de que não haverá recuperação em forma de V na área do euro”.

“Restrições recentes em resposta ao aumento das taxas de infecção estão atrasando ainda mais a recuperação. Não esperamos que o Produto Interno Bruto (PIB) real volte aos níveis anteriores à crise até 2022 ”, disse ele.

Muitas das novas infecções ocorreram entre jovens e, até agora, não houve um grande aumento de hospitalizações ou mortes. Os líderes europeus dizem estar determinados a evitar novos bloqueios nacionais que congelaram grandes partes da economia no início deste ano.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse nessa quinta-feira (20): “Queremos evitar fechar as fronteiras novamente a qualquer custo, mas isso pressupõe que atuemos em coordenação”.

O presidente francês Emmanuel Macron disse em uma entrevista ao Paris Match: “Não podemos fechar o país, porque os danos colaterais do confinamento são consideráveis”.

No setor manufatureiro francês, uma proporção decrescente de empresas disse que a atividade melhorou em comparação com o mês anterior, apresentando uma leitura de PMI de 49, representando um valor abaixo dos 52,4 em julho.

O índice PMI dos serviços franceses caiu 5,4 pontos para 51,9, enquanto na Alemanha o PMI dos serviços caiu 4,8 pontos para 50,8.

“No geral, os dados de hoje sugerem que a recuperação já está começando a desaparecer, pelo menos fora do setor manufatureiro alemão”, disse Jessica Hinds, economista da Capital Economics. “Sem nenhum sinal de que o ressurgimento dos casos de vírus foi eliminado, há um risco claro de que ele pare ou até mesmo dê marcha à ré.”

Em contraste, a economia do Reino Unido se recuperou de forma extremamente forte em agosto, de acordo com o último índice de gerentes de compras, com o crescimento da atividade empresarial atingindo seu nível mais forte em quase sete anos. O PMI aumentou de 57 em julho para 60,3 em agosto.

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As pesquisas mensais IHS Markit não são uma medida da extensão em que a atividade econômica se recuperou em relação aos níveis pré-coronavírus e, embora sinalizem o quão ampla é a recuperação, eles não podem medir seu ritmo.

A pesquisa da zona do euro com cerca de 5.000 empresas foi realizada entre 12 e 20 de agosto desse ano. As estimativas do PMI são publicadas uma semana antes dos resultados finais e são baseadas em cerca de 85% das respostas típicas.

Rafaela La Regina

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