Balanços da semana

Wirecard apresenta pedido de insolvência após fraude contábil

A fintech alemã Wirecard informou que apresentará às autoridades do país um pedido de insolvência, após revelar a inexistência de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 10,7 bilhões) em seu balanço, que dizia ter lucrado ao longo de mais de uma década.

A Wirecard faz parte do mais recente caso de fraude contábil na Europa. Até a última quinta-feira (18), ela fazia parte do DAX 30, principal índice acionário da Alemanha que reúne as maiores empresas do país.

O caso tomou proporções relevantes após dois bancos nas Filipinas negarem a existência de contas no valor de 1,9 bilhão de euros em nome da empresa de meios de pagamento. As instituições financeiras ainda informaram nunca terem tido posse desses recursos.

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Desde então, a fintech já perdeu mais de 90% do valor de mercado, que chegou a ser de US$ 12 bilhões (aproximadamente R$ 64,18 bilhões). Antes do anúncio do pedido de insolvência, as negociações das ações da companhia foram suspensas.

Ascensão e queda da Wirecard

Durante os últimos anos, os papéis da fintech dispararam com o susposto bom desempenho de suas operações e de seu ex-CEO, Markus Braun. O executivo dizia que a empresa era uma máquina de fazer dinheiro, devido ao seu core business ser essencial para o comércio global.

Ao passo que as ações subiam, no entanto, investidores e a mídia europeia passaram a ser mais diligentes quanto aos dados contábeis da empresa.

Promotores alemães investigam se a fintech utilizou adquirentes terceiros, que supostamente processavam pagamentos em nome da companhia, para apresentar uma falsa imagem de estabilidade financeira. A Wirecard disse nesta semana que tais empresas podem nunca ter tido relações com a fintech.

Braun se entregou à polícia na última terça-feira (23) e foi preso, sendo acusado de “inflar o volume de vendas da Wirecard com recursos falsos”. Segundo as autoridades de Munique, o executivo também estava sob suspeita de tornar a Wirecard mais atraente para investidores e clientes do que realmente era.

A companhia disse que também avalia apresentar pedidos de insolvência sobre suas subsidiárias. Uma delas, o Wirecard Bank, possui 1,7 bilhão de euros sob custódia dos clientes, segundo a empresa.

Veja também: Wirecard: ex-presidente é preso por fraude contábil

Após a conclusão das investigações, esse poderá ser o maior escândalo contábil na Europa desde a queda do Banco Espírito Santo, após as alegações de fraude em 2014. À época, o caso exigiu um resgate de 4 bilhões de euros do governo português.

A Wirecard cancelou a divulgação dos dados de 2019 e do primeiro trimestre de 2020. Além disso, os balanços de anos anteriores também poderão ser afetados pela fraude contábil.

Jader Lazarini

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