Wirecard: ministro de finanças alemão sabia da manipulação de mercado

O ministro de finanças alemão, Olaf Scholz, é acusado de ter conhecimento da manipulação de mercado praticada pela fintech Wirecard desde o começo do ano passado. O BaFin, autoridade federal reguladora da Alemanha, teria avisado-o. As informações são da “Bloomberg”.

De acordo com o documento visto pela agência de notícias norte-americana, o BaFin alertou Scholz sobre o caso “por conta da suspeita de violação da proibição de manipulação de mercado” em fevereiro de 2019. A autoridade federal independente de finanças ainda teria dito ao ministro que investigaria a Wirecard “em todas as direções”.

O ministro nega as acusações e diz que nunca teve qualquer envolvimento com a Wirecard. O seu vice, Joerg Kukies, entretanto, disse que houve encontros com o ex-CEO da empresa, Markus Braun — hoje preso por maipulação de mercado –, por duas vezes no fim do ano passado.

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O relatório em questão foi apresentado ao comitê de finanças do Parlamento alemã na noite da última quinta-feira (16), levantando mais controvérsias à empresa que aspirava ser o futuro do setor financeiro da Europa.

O conhecimento do ministro das finanças em torno da fraude eleva a pressão sobre a coalização social-democrata com a premiê Angela Merkel. Segundo a chanceler, a responsabilidade do esclarecimento sobre as acusações recai sobre Scholz.

“A informação que o ministro das Finanças possuía, e em qual momento, será divulgada pelo ministério ao público, e a chanceler vê isso como bom e correto”, afirmou Martina Fietz, porta-voz adjunta de Merkel, nesta sexta-feira (17) durante uma entrevista coletiva do governo.

A porta-voz salientou que a líder alemã tem plena confiança e “trabalha fielmente com todos os membros do gabinete”.

O caso da Wirecard

A Wirecard faz parte do mais recente caso de fraude contábil na Europa. Até mês passado, a companhia fazia parte do DAX 30, principal índice acionário da Alemanha, que reúne as maiores empresas do país.

O caso da fintech tomou proporções relevantes após dois bancos nas Filipinas negarem a existência de contas no valor de 1,9 bilhão de euros, provenientes de lucros passados, em nome da companhia. As instituições financeiras ainda informaram nunca terem tido posse desses recursos.

Veja também: Executivo da Wirecard é preso em Munique por suspeita de fraude

Desde então, a empresa já perdeu mais de 97% do valor de mercado, após ser avaliada em mais de US$ 18 bilhões (aproximadamente R$ 95,72 bilhões). Recentemente, a empresa informou que apresentaria um pedido de insolvência ao governo alemão.

Braun, que foi diretor-executivo da companhia por mais de duas décadas, chegou a dizer que a empresa era uma “máquina de fazer dinheiro”, devido ao seu core business ser essencial para o comércio global. O executivo foi preso sendo acusado de “inflar o volume de vendas da Wirecard com recursos falsos”.

Jader Lazarini

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