WeWork: fechamento de unidades no RJ não compromete negócio no Brasil

Se o negócio do WeWork em nível global passava por grandes dificuldades, com entreveros com o controlador Softbank, demissões de funcionários e uma desvalorização agressiva em seu valor de mercado, a chegada do coronavírus (covid-19) desalinhou ainda mais a operação dos escritórios compartilhados.

A conjunção de fatores negativos ao redor do mundo não demorou a respingar por aqui. No Brasil, o WeWork encerrou as atividades em dois locais do Rio de Janeiro, ficando apenas com três escritórios na capital fluminense. A empresa ainda conta com locais em Belo Horizonte, Porto Alegre e São Paulo.

Em entrevista ao SUNO Notícias, o diretor geral da WeWork no Brasil, Lucas Mendes, se mostra otimista com o futuro da companhia e afirma que o fechamento dos escritórios cariocas não altera os negócios da companhia no restante do País.

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“Reiteramos que a decisão recente pelo encerramento de duas das nossas unidades no Rio de Janeiro não compromete nosso negócio na cidade e no Brasil, um mercado muito importante para a WeWork”, afirmou.

Quando questionado sobre a procura de locatários para renegociações nos valores dos aluguéis de cada posição, o diretor é conciso. “Estamos conversando constantemente e individualmente com nossos proprietários parceiros para chegar a soluções que façam sentido para ambas as partes”, disse.

Mas, se depois da tempestade, sempre vem a bonança, o WeWork busca na crise uma oportunidade. O foco é ofertar soluções às grandes empresas, graças a disponibilidade de estações de trabalhos mais flexíveis, em uma combinação com o home-office. 

“Enxergamos aqui um grande potencial para que possamos atender à demanda de grandes empresas (que já representam hoje mais da metade dos nossos clientes) nesse sentido – da mesma forma que já viemos funcionando para empresas que, mesmo antes do isolamento forçado, já possuíam políticas de trabalho mais flexíveis”, afirmou.

Confira a entrevista do SUNO Notícias com com Lucas Mendes, diretor geral da WeWork no Brasil:

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Como você vê a demanda pós-quarentena? Em quanto tempo esperam retomar 100% da operação?
Como será o futuro quando as pessoas regressarem ao trabalho é algo em que a WeWork vem pensando já há algum tempo. Entendemos que, no atual cenário, o fator flexibilidade se tornará um valor cada vez mais importante no que diz respeito a espaços de trabalho.

Esse é um ponto comum entre os depoimentos de líderes de empresas com quem a liderança global da empresa vem conversando é que o que todos estão priorizando neste momento é justamente flexibilidade de trazer seus funcionários de volta ao trabalho de maneira segura, respeitando, é claro, o momento de cada país ou região.

Outro ponto é a questão da distribuição geográfica, de forma que empresas não fiquem presas a apenas um edifício e funcionários possam trabalhar mais próximos de suas casas.

No caso dos nossos times, que em sua maioria já estão trabalhando remotamente há várias semanas, já percebemos diversos aprendizados – com destaque para o desempenho de uma das nossas atividades core, que é justamente a de construção e engajamento de Comunidade, à distância. As equipes nos surpreenderam na criatividade, organizando uma série de eventos, criando novos canais de comunicação e implementando atividades online em diferentes formatos – e o retorno de membros tem sido muito positivo.

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Temos a convicção de que nada substitui o contato e interações que acontecem nos nossos espaços, que inclusive já renderam muitas parcerias e negócios, mas com certeza teremos condições de maximizar nosso impacto contando também com as novas ferramentas que temos desenvolvido nesse período.

Não temos dúvida de que haverá mudanças permanentes na forma como empresas e profissionais se relacionam com os espaços de trabalho no mundo pós pandemia, mas enxergamos aqui um grande potencial para que possamos atender à demanda de grandes empresas (que já representam hoje mais da metade dos nossos clientes) nesse sentido – da mesma forma que já viemos funcionando para empresas que, mesmo antes do isolamento forçado, já possuíam políticas de trabalho mais flexíveis.

Por exemplo, a empresas de tech e serviços, que no Brasil representam grande parte dos nossos membros – e que, muitas vezes, inclusive já ofereciam aos seus funcionários a opção de trabalhar em home office por alguns dias ou até a de utilizar mais de um escritório (estações de trabalho não fixas).

Qual percentual da demanda corporativa no Brasil? Como vocês sentiram a saída das empresas? Já houve compensação a esses números em relação a profissionais liberais?
A proposta de valor da WeWork em termos de espaço de trabalho, especialmente comparada ao restante do mercado de Real Estate corporativo (em que representamos ainda uma fatia bastante pequena), sempre teve como diferencial a flexibilidade em diversos sentidos – em termos de variedade e possibilidade de espaço, localização, tempo mínimo de contrato, entre outros.

Nesse novo contexto, enxergamos de maneira muito otimista, a perspectiva de demanda vinda de empresas, em sua maioria tradicionais, interessadas em avaliar novas opções em soluções de espaço de trabalho.

Lá fora há negociação por aulas escolares no WeWork. Já houve algo semelhante no Brasil?
Não

Quais alterações ocorrerão nos escritórios para se adequar a pandemia?
Neste momento, sem nenhuma dúvida, caminhamos para uma nova era dos espaços de trabalho em geral.

A WeWork é uma empresa global, com 828 unidades globalmente e mais de 100 na China. Por conta disso, pudemos usar muito do que aprendemos com a forma como nossos times locais lidaram com a pandemia para estabelecer nossos novos padrões para quando fosse possível voltar ao escritório.

Nesse sentido, a WeWork desenvolveu um plano de retorno para o trabalho, com implementação prevista em todas as suas unidades à medida que os governos de cada país iniciem as ações de retomada das atividades econômicas.

O plano tem foco em três pontos principais. O distanciamento profissional, com ajustes no design dos os espaços compartilhados, com assentos escalonados e áreas vazias, a fim de manter uma distância física saudável entre membros e colegas de equipe.

A higienização com as medidas de limpeza foram aprimoradas para garantir a saúde e o bem-estar de todos os membros, com desinfecção mais frequente nas áreas comuns e fornecimento de produtos de higienização nas unidades.

Além das sinalizações estrategicamente posicionadas a fim de evitar aglomerações em corredores e áreas comuns. Espaços como cozinha e recepções, que possuem uma grande movimentação, contarão com sinalizações nas paredes e pisos para que todos mantenham uma distância segura.

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Tanto nas áreas comuns como em salas de reunião, por exemplo, a capacidade será modificada com o distanciamento de assento a assento – reduzindo a ocupação. Essas normas de capacidade modificadas também serão reforçadas com sinalização para os membros.

Além disso, a empresa realizou ajustes para cada espaço. Por exemplo, na área de recepção principal, para evitar a superlotação, haverá adesivos de piso com indicação do distanciamento entre pessoas, além de desinfetante para mãos automático nas proximidades.

As copas também contarão com dispensers de sabão automáticos e terá seus assentos modificados para reduzir a capacidade e o tráfego intenso de pessoas.

Nos banheiros, além da rotina de limpeza mais frequente ao longo do dia, serão instalados dispensers automáticos e sinalizações lembrando a importância de lavarmos as mãos por tempo suficiente.

Há planos para encerramento de mais unidades, além das duas do Rio de Janeiro?
A WeWork está constantemente avaliando suas operações e ativos em nível global, incluindo avaliações periódicas dos prédios em que possui operação, de forma a prestar o melhor nível de serviço aos seus membros e otimizar o seu portfólio imobiliário.

Reiteramos que a decisão recente pelo encerramento de duas das nossas unidades no Rio de Janeiro não compromete nosso negócio na cidade e no Brasil, um mercado muito importante para a WeWork.

Houve renegociação de contratos do WeWork com proprietários? Como está essa questão?
Estamos conversando constantemente e individualmente com nossos proprietários parceiros para chegar a soluções que façam sentido para ambas as partes.

E os planos de expansão, como andam?
Em março e abril, foram iniciadas as operações das unidades Bossa Nova Mall, no Rio de Janeiro, e Oscar Freire 585 e Cerro Corá 2175, em São Paulo, além da expansão da WeWork Domingos Odalia 301, em Osasco. E, em junho, foram inauguradas mais duas unidades em São Paulo: Chucri Zaidan 150 – Market Place e Nações Unidas 12995.

Entrevista com Lucas Mendes, diretor geral da WeWork no Brasil

Vinicius Pereira

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