STF dá 5 dias para Bolsonaro explicar decreto do porte de armas

A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu um prazo de cinco dias para Jair Bolsonaro apresentar explicações sobre o decreto de armas. Isso porque a ministra é relatora de uma ação protocolada pela Rede contra a resolução do presidente.

Além de Bolsonaro, Rosa Weber também pediu explicações ao:

  • Ministério da Justiça;
  • Advocacia Geral da União (AGU);
  • Procuradoria Geral da União (PGU);
  • Câmara dos Deputados;
  • Senado Federal.

Com a ação, a Rede acusa o presidente de “abuso de poder”. Dessa forma, o argumento é de que Bolsonaro teria alterado o Estatuto do Desarmamento através de um decreto. Contudo, só seria permitido alterar uma lei através de outra lei. O partido pede a suspensão por liminar. A ministra ainda não deu indícios de sua decisão.

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Câmara aponta ilegalidade

Contudo, antes mesmo do pedido de Rosa Weber, a Câmara e o Senado se posicionaram em relação ao decreto de Bolsonaro.

Saiba Mais: Decreto de armas: parecer da Câmara diz que ampliação do porte é ilegal

Assim, a Secretaria-geral da Câmara emitiu um parecer afirmando que o decreto de armas é ilegal. De acordo com o órgão da Casa, a medida de Bolsonaro altera uma lei. Entretanto, a ação não poderia ser feita através de um decreto, apenas de uma nova lei.

Segundo o estudo, a lei violada é o Estatuto do Desarmamento. Além disso, o ponto em que ocorre a violação é a ampliação do porte de armas. Ao facilitar o porte para quase 20 categorias, o decreto de armas “atropela” o estatuto, diz o documento. O parecer será usado para relatório final da Câmara dos Deputados sobre a constitucionalidade do decreto.

“A lei é clara no sentido de que deve haver a demonstração efetiva da necessidade do porte, devendo cada caso concreto ser analisado pelo órgão competente”, estabelece o parecer. Além disso, o parecer também questiona a ausência de um tempo e uma determinação territorial limites para o porte de armas.

#Armas | Presidente @RodrigoMaia diz que Plenário pode votar urgência para projeto que facilita acesso a armas para moradores de áreas rurais. Paralelamente, assessoria analisa se decreto do governo que flexibiliza acesso a armas a categorias profissionais é constitucional. pic.twitter.com/jg2jyqeuVb

— TV Câmara (@tvcamara) May 8, 2019

Senado diz que Bolsonaro extrapolou

O Senado também se posicionou nesta sexta sobre o decreto de Bolsonaro. Segundo o órgão do Legislativo, o presidente “extrapolou o poder regulamentar”. O ponto indicado pelos consultores é o mesmo da Câmara, conflito com o Estatuto do Desarmamento.

Saiba Mais: Maia diz que decreto de porte de armas possui inconstitucionalidades

As duas Casas concordam que a questão mais delicada da medida anunciada por Bolsonaro é a ampliação do porte de armas. “O Estatuto do Desarmamento exige um exame individualizado, pela Polícia Federal, do pleiteante à autorização de arma de fogo de uso permitido. Se não fosse assim, o decreto poderia contemplar qualquer pessoa, entidade ou categoria, presumindo, de forma absoluta, que ela necessitaria do porte de arma de fogo para o exercício da sua atividade profissional ou para a defesa da sua integridade física”, aponta a consultoria do Senado.

Beatriz Oliveira

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