Veja as 5 small caps que mais desvalorizaram em setembro

O Ibovespa encerrou o mês de setembro com uma queda de 4,80%, após ter registrado agosto também no vermelho. O índice SMLL, que contempla as principais pequenas empresas do mercado, também fechou o mês passado de forma negativa: -6,73%. Mesmo assim, em função de conjunturas específicas, algumas small caps apresentaram um desempenho ainda pior.

O maior índice da Bolsa de Valores de Sâo Paulo (B3) sofreu com o forte pessimismo por parte dos investidores em setembro, ancorado pela desconfiança na política fiscal do País, seguida da possibilidade de crescimento econômico após os maiores impactos da pandemia. As small caps, por serem rotineiramente mais voláteis em momentos de estresse, sofreram com a tendência de baixa.

Segundo o SMAL11, ETF que replica a carteira teórica de small caps do mercado, de acordo com seus critérios metodológicos, veja quais foram as cinco ações que mais desvalorizaram em setembro, salientando que esta matéria não é uma recomendação de investimento.

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Log-in

A Log-in (LOGN3) opera no setor logístico, com uma rede integrada de portos, transporte porta-a-porta, além de uma malha intermodal que abrange o Brasil e o Mercosul. A companhia é focada em reduzir os custos logísticos de seus consumidores, atuando desde o planejamento logístico até a efetiva entrega dos produtos encomendados.

A companhia diz que “utiliza uma extensa e integrada malha de transporte que lhe permite atender às principais regiões do Brasil, que representam 70% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, e o fluxo de comércio entre estas regiões”.

Segundo Evandro Medeiros, especialista em renda variável da SUNO Research, “o lockdown bastante intenso na Argentina reduziu a movimentação de contêineres entre os dois países, com volume de veículos significativamente reduzido”.

Por outro lado, o efeito do câmbio influenciou positivamente os segmentos Mercosul e Feeder, segundo ele. Na fot abaixo observamos a variação percentual da demanda de carga na primeira semana de julho, em comparação à “normalidade”.

Fonte: Log-in

O especialista destacou a queda na demanda do setor automotivo e industrial, que tiveram quedas expressivas. O segmento farmacêutico, no entanto, teve contração de somente 6,5%.

As ações ordinárias da Log-in encerraram setembro com uma queda de 22,86%, cotadas a R$ 14,78. Neste ano, os papéis da empresa registram uma queda de 27,46%.

Santos Brasil

A Santos Brasil (STBP3), criada em 1997, adquiriu logo no início de suas operações o arrendamento do Tecon Santos por 25 anos — renovado por mais 25 anos e 2015. Atualmente, a empresa opera em cinco terminais marítimos, sendo três terminais de contêineres, um terminal de carga geral e um terminal exclusivo para movimentação de veículos.

A empresa “tem como objetivo realizar operações portuárias e logísticas de contêineres e veículos em regiões do Brasil e do mundo que apresentem potencial para acelerar seu ritmo de crescimento e desenvolver, de forma responsável, gateways portuários que representem as portas de entrada e de saída de cargas de suas respectivas regiões, mantendo e ampliando sua liderança no mercado nacional”.

Segundo Medeiros, a empresa “se beneficia em momentos de importação mais intensa, o que não é a realidade atual, especialmente com um real tão depreciado. O segmento de logística portuária é complexo de se operar e alguns clientes, como a Maersk, são competidores e clientes ao mesmo tempo, e por isso têm alto poder de barganha”.

“No entanto, caso observemos aumento dos volumes e maior eficiência na movimentação de TEUs, somados à expansão do cais do Tecon Santos, podem trazer bons frutos no futuro, mas há de se considerar riscos macroeconômicos e de execução”, salientou o especialista.

Em setembro, a companhia realizou uma oferta subsequente (follow-on) de 192,6 milhões de ações. Com isso, a companhia elevou seu capital social em R$ 789,98 milhões, passando a ser de R$ 1,87 bilhão. Para Medeiros, é natural que os investidores ajustem o preço das ações — em setembro, os papéis caíram 22,50%.

Tecnisa

Uma das primeiras construtoras a abrir capital na Bolsa de Valores de São Paulo, a Tecnisa (TCSA3) iniciou suas atividades através de seu escritório de engenharia por mais de uma década e é conhecida por ter vencido diversos prêmios de atendimento ao cliente.

“Uma das principais características da Companhia é a sua atuação integrada, envolvendo incorporação, vendas e construção, sendo estas últimas atividades desenvolvidas com equipe própria e terceiros contratados”, diz a empresa em seu site.

Medeiros apontou que a companhia optou não realizar lançamentos no segundo trimestre deste ano, período mais turbulento da pandemia. “O vendas sobre oferta (VSO) do segundo trimestre foi de 14%, o que é razoável, mas consideravelmente mais baixo que construtoras premium como a Trisul (TRIS3)“, comentou o especialista.

As ações da empresa, uma das mais antigas small caps do mercado, registraram uma baixa de 20,26% em setembro, quando encerraram o mês negociadas a R$ 9,37.

Tegma

A Tegma (TGMA3), criada em 1969, opera na logística de veículos prontos para montadoras e importadoras. Sua atuação envolve a coleta dos veículos na fábrica ou no porto, gestão de pátios das montadoras, armazenamento de veículos não faturados, além do transporte dos carro até as concessionárias ou os portos.

Após a realização de sua oferta pública inicial de ações (IPO) na B3, em 2007, a empresa iniciou suas operações de logística integrada, atuando em operações logísticas industriais (abastecimento de linha de produção) e armazenamento de bens de consumo.

Em meio à pandemia, por conta da exposição ao mercado de veículos leves, a Tegma tem sido bastante impactada. O volume de veículos consolidado do primeiro semestre deste ano teve retração de 60,8% na relação com o mesmo período de 2019. Para Medeiros, “a empresa tem tido disciplina em reduzir custos e despesas, mas não foi o suficiente para compensar a queda relevante frente a receita do primeiro trimestre”.

De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a queda na produção de veículos leves frente a agosto de 2019 foi de 21,8%. O setor foi um dos mais impactados pelo coronavírus e “é difícil de estimar fluxos de caixa e precificar estes ativos com tão pouca visibilidade do que está por vir”, comenta o especialista.

As ações da operadora de logística encerraram setembro cotadas a R$ 20,84, após um tombo de 19,47% naquele mês.

PetroRio

A PetroRio (PRIO3) é uma petroleira privada que atua em campos já consolidados, os campos maduros. Atualmente, a maior parte das reservas estão no Campo de Polvo, próximo à Bacia de Campos, no Rio de Janeiro e no Campo de Frade, o qual a companhia adquiriu os 30% restantes da Petrobras (PETR3; PETR4) e possui 100%.

Para Medeiros, algumas das razões para o ceticismo com a empresa são “as eleições norte-americanas, incertezas quanto à guerra comercial entre Estados Unidos e China, e a instabilidade geopolítica que presenciamos, que têm pressionado os preços do petróleo Brent, flutuando em torno de US$ 40 o barril”.

“Por outro lado, a companhia tem apresentado exímia diligência em controlar custos, com o lifting cost do semestre atingindo US$ 13,7/bbl, níveis impressionantes considerando os atributos dos campos em que opera”, comentou o especialista.

Anos atrás, a companhia passou por um profundo processo de turnaround. Desafiando os números e perspectivas negativas, conseguiu melhorar de forma relevante seus resultados, a ponto de se tornar uma das small caps “queridinhas” da Bolsa desde 2019. No entanto, setembro foi um mês no vermelho: queda de 16,71%, com as ações negociadas a R$ 34,89.

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Jader Lazarini

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