Selic: mercado vê com surpresa corte na taxa básica de juros

A redução da taxa básica de juros da economia (Selic) em 0,75 ponto percentual, para 3,00% ao ano, surpreendeu agentes do mercado, que consideram a decisão acertada, mas preveem uma maior pressão no dólar ante o real.

O SUNO Notícias conversou com agentes do mercado de capitais brasileiro. Segundo os especialistas, o corte da Selic, acima da expectativa do mercado, que era de 0,5 ponto percentual, deve ajudar na recuperação da crise causada pelo coronavírus (covid-19).

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“É uma decisão acertada. Não era consenso do mercado, mas acho que pela atual situação econômica e não qualquer risco inflacionário existir, acho que é de bom tamanho e que isso ajude a atividade econômica com crédito mais barato”, disse Rodrigo Marcatti, sócio-fundador da Veedha investimentos.

Já para Guilherme Foureaux, gestor da Paineiras, a decisão levou em conta a perspectiva baixa de inflação, mas a queda da Selic a esse patamar deve acelerar a fuga de capitais, pressionando o dólar ante o real.

“Decisão foi na ponta mais Dovish (expansionista, leniente para com a inflação) do mercado. O dólar [será] pressionado. O BC optou por seguir o modelo de inflação. IPCA 2020 negociando no mercado perto de 1,0%”, disse Guilherme Foureaux, gestor da Paineiras.

O economista Fábio Astrauskas, CEO da Siegen Consultoria, aprovou a decisão do Copom e a vê como um alinhamento do BC do Brasil as demais instituições mundiais.

“O corte de 0,75 ponto percentual anunciado hoje pelo Copom na taxa básica Selic está em linha com as ações até agora adotadas pelo governo em relação à crise do coronavírus. O corte de juros tem sido anunciado por vários países como parte da estratégia nessa direção”, disse.

Para o CEO, apenas o corte da taxa básica de juros, no entanto, não é suficiente se não for acompanhado de outras iniciativas para estimular o crédito.

“No entanto, não se pode esquecer que é necessário ter outras iniciativas em relação ao tão necessário acesso ao crédito, principalmente por empresas de médio porte. Entre essas medidas, é preciso garantir que os recursos destinados aos bancos cheguem às ponta final, ou seja, às empresas, principalmente nas linhas referentes a capital de giro”, afirmou sobre a Selic.

 

Vinicius Pereira

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