Selic continua em 2% ao ano após reunião do Copom

A taxa básica de juros (Selic) vai continuar em 2% ao ano. A decisão de manter a taxa em sua mínima histórica foi tomada nesta quarta-feira (9) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).

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“Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica de juros em 2,00% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, que inclui os anos-calendário de 2021 e 2022”, escreveu o Copom no comunicado que acompanhou a decisão sobre a Selic.

As previsões do Boletim Focus da última segunda-feira (7) indicavam que a Selic iria se manter em 2% até o final do ano. Para 2021, todavia, a taxa básica de juros passou para 3% ao ano.

Segundo o Comitê, “Apesar da elevação desde a última reunião, em particular para o ano de 2021, as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, permanecem abaixo da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária; o regime fiscal não foi alterado; e as expectativas de inflação de longo prazo permanecem ancoradas”.

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O Copom salientou como a manutenção desse cenário de convergência da inflação sugere que, em breve, as condições para a manutenção do forward guidance podem não mais ser satisfeitas.

Em seu comunicado, o Copom ressaltou a necessidade de “perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia”

Copom manteve Selic em 2% em sua última reunião

Em sua última reunião, ocorrida no dia 28 de outubro, o Copom também tinha mantido a Selic em 2% ao ano.

Naquela ocasião, o BC tinha salientado que a, “as últimas leituras de inflação foram acima do esperado, e o Comitê elevou sua projeção para os meses restantes de 2020. Contribuem para essa revisão a continuidade da alta nos preços dos alimentos e de bens industriais, consequência da depreciação persistente do Real, da elevação de preço das commodities e dos programas de transferência de renda. Apesar da pressão inflacionária mais forte no curto prazo, o Comitê mantém o diagnóstico de que esse choque é temporário, mas monitora sua evolução com atenção”.

Risco de inflação não justifica alta dos juros

Mesmo com a recente alta dos preços, principalmente em bens de consumo, o mercado esperava a manutenção da taxa básica de juros pelo Banco Central.

Esta é a visão dos bancos BTG Pactual (BPAC11), Credit Suisse, Golman Sachs, UBS, Santander (SANB11) e Itaú Unibanco (ITUB4). Até o momento, não houve uma mudança de cenário que justifique um aumento na taxa de juros, embora o Banco Central deva destacar que se mantém vigilante sobre deterioração fiscal do país.

Segundo os especialistas das instituições financeiras consultadas pelp SUNO Notícias, ainda estão presentes as condições para a manutenção do forward guidance.

O forward guidance é uma indicação de médio prazo dada pelo Banco Central sobre como pretende conduzir a política monetária. Também chamada de “prescrição futura“, é uma ferramenta usada por outros bancos centrais, como o Fed, nos Estados Unidos.Em relatório, o Itaú Unibanco afirmou que não deve ocorrer uma modificação da postura de política monetária, já que não houve, pelo menos até o momento, uma mudança clara de regime fiscal.

O que é esperado, no entanto, é uma ressalva do Banco Central sobre uma possível mudança na trajetória da Selic no futuro, caso o risco fiscal se acentue.

“Esperamos a manutenção do forward guidance na sua forma atual, mas com uma indicação mais enfática de que as condicionalidades serão constantemente reavaliadas”, declarou o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita.

A meta para a inflação para 2020 é de 4%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, podendo variar entre 2,5% e 5,5%. Em 2020 a inflação deverá fechar o ano dentro da meta, e isso ajudou o Copom a tomar a decisão de manter inalterada a Selic.

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Carlo Cauti

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