Retrospectiva 2018: Principais fatos que impactaram a economia do Brasil

Em 2018, a evolução do dólar, o andamento do Ibovespa, o preço dos combustíveis, as variações do Produto Interno Bruto (PIB), o nível de desemprego e a greve dos caminhoneiros, marcaram a economia do país.

Iniciamos um ano com 77.891,04 pontos no Ibovespa. O PIB do país estava com crescimento previsto em 2,69% e o dólar cotado a R$ 3,29. Entretanto, durante o ano, a retomada da economia brasileira foi mais lenta do previsto, principalmente pelo desemprego elevado. Por sua vez, o desemprego continuou em níveis elevados, também por causa do crescimento do trabalho informal.

De acordo com o professor Alexandre Borbely, economista da Universidade Metodista de São Paulo, embora a informalidade diminua o número de desempregados, ela não gera renda para estimular a economia. “O emprego precisa ser formal, e não informal como estão sendo criados atualmente. A informalidade gera empregos, mas não gera a renda necessária para impulsionar a economia do país”, explicou Borbely, “A criação de empregos formais dá maior renda às pessoas e acaba estimulando o consumo”.

Inflação

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a estimativa de inflação era de 3,93% para 2018. No último apontamento do instituto, ela chegou a 3,59% na parcial do ano.

  1. Janeiro: alta de 0,29% (em relação a dez/17);
  2. Fevereiro: alta de 0,32% (em relação a jan/18);
  3. Março: alta de 0,09% (em relação a fev/18);
  4. Abril: alta de 0,22% (em relação a mar/18);
  5. Maio: alta de 0,40% (em relação a abr/18);
  6. Junho: alta de 1,26% (em relação a mai/18);
  7. Julho: alta de 0,33% (em relação a jun/18);
  8. Agosto: queda de -0,09% (em relação a jul/18);
  9. Setembro: alta de 0,48% (em relação a ago/18);
  10. Outubro: alta de 0,45% (em relação a set/18);
  11. Novembro: queda de -0,21% (em relação a out/18).

A inflação ficou controlada durante o ano, mas o amento dos preços dos combustíveis acabou pesando no bolso do consumidor. A disparada dos preços da gasolina e do diesel no primeiro semestre foi um dos principais fatores que provocaram a greve dos caminhoneiros.

A paralisação que começou no final de maio, com 11 dias de duração, e que acabou afetando todos os outros setores da economia nacional. A greve dos caminhoneiro levou a uma redução das previsões do PIB.

Produto Interno Bruto

O PIB brasileiro não registrou um desempenho positivo em 2018. Além da greve dos caminhoneiros, outros fatores prejudicaram o PIB. Entre eles, a incerteza sobre o futuro político do país. As eleições de outubro, e agenda econômica que poderia ser adotada por um eventual novo governo, frearam o crescimento do País.

De acordo com o Boletim Focus do Banco Central, no início do ano a previsão de aumento do PIB nacional era de quase 3%. A partir de junho, pós a greve dos caminhoneiros, o Boletim Focus começou a indicar uma alta do PIB de apenas 1,94%. Uma redução que continuou ao longo do segundo semestre, chegando no final do ano com uma projeção de crescimento reduzida, de apenas 1,3%.

De acordo com o professor Ramon Barazal, economista do Centro Universitário Fundação Santo André, os principais setores econômicos que poderiam ter uma influência positiva sobre o PIB são os de construção civil e da área industrial. “Realização de obras, investimentos em novos maquinários e a entrada de novas empresas no País aumentam o número de empregos. Com isso, a economia começa a crescer, porque todo mundo passa a ter capital”, explicou Barazal.

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Dólar

Este ano será lembrado por uma cotação muito elevada do dólar. O ano começou com o Boletim Focus prevendo uma cotação do dólar de R$ 3,29. A cotação mínima da moeda norte-americana foi apontada pelo Boletim Focus no final de janeiro, quando ficou em R$ 3,13. Entretanto, já em setembro de 2018, o mesmo Boletim indicou o recorde histórico do dólar, com a moeda dos EUA cotada a R$ 4,1952. Um resultado gerado pelas incertezas das eleições.

Para conter a alta do dólar, o Banco Central (BC), realizou uma série de leilões de swaps cambiais tradicionais ao longo do ano. Foram 13,835 mil papeis ofertados equivalentes a US$ 10,373 bilhões. Além disso, o BC vendeu parte das reservas de dólares internacionais, com compromisso de recompra.

Entretanto, as medidas não foram suficientes, e a moeda dos EUA deve fechar o ano próxima dos R$ 3,90.

Para o fundador e CEO da Suno Research, Tiago Reis, não são necessárias ações para conter a alta do dólar. Segundo ele, a moeda dos EUA acaba se estabilizando autonomamente. “Não acredito que sejam necessárias medidas para conter a alta do dólar. Tem que deixar o mercado flutuar e com o mercado livre, o valor se equilibra em algum momento”, explicou Reis, “Além disso, não acredito que o dólar esteja sofrendo uma grande volatilidade ultimamente. Algo que justifique qualquer tipo de medida”.

Desemprego

O ano de 2018 foi também marcado por um desemprego elevado e persistente. Mesmo se a taxa de desemprego caiu no Brasil para 11,7% no trimestre finalizado em outubro, de acordo com o IBGE, o desemprego ainda atinge 12,4 milhões de brasileiros.

No acumulado do ano, o número de pessoas que procuram um emprego registrou sete queda seguidas. Juntas, essas reduções levaram ao menor percentual de desempregados desde 2016.

Entretanto, a porcentagem de desempregados ainda continua muito elevada: mais do que o dobro do quanto registrado em 2012, quando era 5,5%. Além disso, o IBGE calcula que 4,78 milhões de brasileiros sejam desalentados. Pessoas que desistiram de procurar emprego.

Número de desempregados por mês em 2018:

  1. Janeiro – 12,69 milhões de pessoas;
  2. Fevereiro – 13,12 milhões de pessoas;
  3. Março – 13,69 milhões de pessoas;
  4. Abril – 13,41 milhões de pessoas;
  5. Maio – 13,24 milhões de pessoas;
  6. Junho – 12,97 milhões de pessoas;
  7. Julho – 12,87 milhões de pessoas;
  8. Agosto – 12,71 milhões de pessoas;
  9. Setembro – 12,49 milhões de pessoas;
  10. Outubro – 12,35 milhões de pessoas;

De acordo com o IBGE, o Nordeste é a região brasileira que concentra o maior número de estados com alto índice de desemprego:

  • Sergipe – 17,5%;
  • Alagoas – 17,1%;
  • Pernambuco – 16,7%;
  • Bahia – 16,2%;

Entretanto, o Amapá, que fica na região Norte, tem o maior percentual de desempregados: 18,3%.

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Ibovespa

O Ibovespa, que é o principal índice da Bolsa de Valores do Brasil, teve um 2018 com um movimento ondulatório. O mercado acionário brasileiro iniciou o ano em baixa (77.891,04 pontos). Um resultado negativo gerado pelos últimos dois anos de grave crise econômica. Entretanto, 2018 começou com as operações em alta, até a greve dos caminhoneiros. A paralisação afetou a economia nacional de tal forma que o índice acabou despencando. Na segunda metade de junho o índice chegou ao seu menor nível: 69.814 pontos. Mas logo depois das eleições de outubro, com a vitória do candidato do Partido Social Liberal (PSL) Jair Bolsonaro, a bolsa brasileira começou uma trajetória crescente até bater o recorde histórico no início de dezembro.

Mas mesmo com este pico, o índice teve sua alta freada por conta da desaceleração da economia mundial. Os temores estão relacionados principalmente a guerra comercial entre Estados Unidos e China. Um confronto entre as duas maiores economias do planeta que poderia acabar afetando negativamente o Brasil, que é um parceiro comercial importante de ambos os países.

Os principais momentos do Ibovespa em 2018 foram:

  1. 08 de março – EUA impõe sobretaxa ao aço (84.984 pontos);
  2. 21 de maio – Inicio da greve dos caminhoneiros (81.815 pontos);
  3. 28 de maio – Governo anuncia subsídio ao diesel (75.355 pontos);
  4. 18 de junho – Ibovespa registra a mínima do ano por conta dos temores da guerra comercial (69.814 pontos);
  5. 16 de agosto – Início das campanhas eleitorais (76.818 pontos);
  6. 29 de outubro – Jair Bolsonaro é eleito presidente do país (83.796 pontos);
  7. 03 de dezembro – Máxima do ano (89.820 pontos).

No acumulado do ano até o momento, o Ibovespa teve aproximadamente 12% de valorização. Em dezembro, pela primeira vez o índice passou dos 90 mil pontos.

Entretanto, o otimismo dos operadores do mercado financeiro, que levou para essa valorização acionária, ainda não conseguiu influenciar de forma substancial a  economia nacional. O PIB brasileiro fechará o ano com um crescimento tímido, muito menor dos resultados obtidos pelas negociações da Bolsa de Valores.

Renan Bandeira

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