Relator da reforma da Previdência estuda retirar alta de CSLL da Bolsa

O relator da reforma da Previdência, deputado federal Samuel Moreira (PSDB-SP), retirará o aumento da Contribuição Social Sobre Lucro Líquido (CSLL) sobre a Bolsa de Valores de São Paulo (B3).

Moreira modificará o artigo 33 do relatório, que aumenta para 20% a alíquota de CSLL para instituições financeiras, como bancos. A alta da alíquota da contribuição deveria ser retirada da proposta de reforma da Previdência, mas mantida para o restante do setor financeiro.

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No caso da Bolsa de Valores, a alíquota passaria de 9% para 20%. Por sua vez, os bancos já pagavam 20% até 31 de dezembro. Entretanto, como era uma medida temporária, a taxa voltou para 15% em janeiro. Agora deveria voltar para 20%. Está ainda em fase de discussão o aumento para as cooperativas de crédito.

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O aumento do CSLL gerou tensões entre integrantes do Ministério da Economia e bancos. Foram realizadas fortes pressões para que relator modificasse o texto.

De acordo com cálculos de Moreira, o aumento da contribuição  teria “potencial arrecadatório de aproximadamente R$ 50 bilhões, em valores atuais, nos próximos 10 anos”.  Essa opção foi considerada como a única forma de manter o impacto da reforma nas contas públicas.

Deste modo, tal arrecadação de tributos sobre bancos deve compensar a menor economia com a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC).

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Isto, pois, conforme o ministério da Economia, inicialmente previa-se cerca de R$ 1,2 trilhão aos cofres públicos com a aprovação da reforma da Previdência. Contudo, na apresentação do parecer na comissão especial, antes mesmo de passar pelo plenário da Câmara, a economia já foi reduzida a cerca de R$ 913,4 bi.

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No documento apresentado aos parlamentares, o deputado redigiu que o governo tem “necessidade imediata de recursos adicionais”. Em adendo, Moreira afirmou que é preciso adequar a tributação “capacidade contributiva das instituições financeiras”.

Por fim, o relatório apontou que o lucro dos bancos no Brasil cresceu 17%, chegando a R$ 100 bilhões entre 2017 e 2018.

Medida do governo Dilma

A ideia de aumentar a CSLL resgata a medida econômica aplicada pela gestão da ex-presidenta, Dilma Rousseff (PT). Idealizada em 2015, a medida vigorou entre 2016 e 2018.

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Na época, a petista aumentou a alíquota da CSLL dos bancos, de 15% para 20%, de igual modo. Contudo, a taxa perdeu a validade em 31 de dezembro do ano passado, devido ao vencimento da Medida Provisória (MP).

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A CSLL é um imposto de renda das empresas. O tributo é pago trimestralmente, e incide sobre o lucro da companhia. A alíquota varia entre 9% a 15% para empresas de diversos segmentos. Contudo, para as instituições financeiras, de seguros privados e de capitalização, a alíquota mínima é de 15%.

Oposição ao aumento de tributação aos bancos

A possibilidade da maior cobrança aos bancos, proposta no parecer da reforma da Previdência da comissão especial, já havia sido adiantada no último sábado (7) pelo “Estado de S. Paulo”.

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Entre os deputados que não concordam com o aumento de tributação aos bancos, há o entendimento de que esta estratégia possa atrasar a tramitação da reforma da Previdência.

Carlo Cauti

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