Investidores estão comprando sonhos em lugar de lucros nas ações, diz Ray Dalio

De acordo com o bilionário, investidor e filantropo Ray Dalio, o mundo caminha para um cenário de extremos populistas, acarretando em “uma ausência de efeito das políticas monetárias“. A declaração foi dada em entrevista à rede estadunidense “CNBC”.

Ray Dalio salientou os desequilíbrios gerados pelas políticas de acesso facilitado ao dinheiro adotadas pelos banco centrais de todo o mundo. “Os investidores estão inundados de dinheiro, comprando retornos muito baixos ou sonhos em lugar de lucros no mercado de ações”, afirmou.

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O co-presidente da Bridgewater Associates, maior hedge fund do planeta, com US$ 160 bilhões sob custódia, disse que os mercados estão entrando em um período desafiador.

“Os bancos centrais globais não têm como baixar mais as taxas e vamos entrar em um período mais desafiador de uma batalha entre extremos no populismo”, disse Dalio.

“Será um ambiente que terá grande impacto nos mercados, com ausência de efeito da políticas monetárias e exacerbação de conflitos que temos visto no mundo.” Na avaliação do gestor, “estamos indo em direção a um ambiente como uma guerra”.

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O gestor ressaltou que, apesar da elevada liquidez nos mercados, o mecanismo de transferência de riqueza “está quebrado”. Segundo ele, o sistema atual mantém o capital circulando no mercado financeiro, sem escorrer para as camadas mais baixas por meio de distribuição da lucratividade e do acesso ao crédito barato.

Dalio disse ser preciso “produzir mais oportunidades iguais” a todas às pessoas. “Há muitos bons investimentos [para isso], como em educação, que podem produzir maiores retornos”, disse. Segundo o bilionário, a resposta para os desequilíbrios é “criar produtividade” para aumentar a geração de riqueza e reduzir a desigualdade.

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O megainvestidor disse que “o aprofundamento das taxas negativas está se esgotando e vai levar a uma necessidade de coordenação entre as políticas fiscal e monetária”. No entanto, diferentemente de quem defende esse tipo de solução, o gestor considera essa combinação “algo muito perigoso”, ao impulsionar déficits orçamentários.

Para Dalio, no futuro “teremos déficits cada vez maiores e teremos de financiá-los e isso terá um impacto sobre o câmbio no longo prazo”. Se for necessário subir impostos para financiar esses grandes déficits, “isso mudaria a natureza do mercado”.

Embora mantenha uma posição crítica em relação às ações dos bancos centrais, Dalio disse não ver a reversão dos estímulos nas taxas de juros como uma resposta. Para ele, representaria o fomento de mais problemas, porque já existe uma dinâmica econômica e de mercados estabelecida.

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“Não existe uma solução só, mas acho que seriam necessárias várias ações fragmentadas”, como uma reengenharia de um sistema que produz desigualdades para outro que impulsione a produtividade na economia.

Na entrevista à “CNBC”, Ray Dalio salientou o fato de que o maior equívoco dos investidores do varejo atualmente é acreditar que os mercados que subiram recentemente são “oportunidades melhores”, em lugar de vê-las como “oportunidades caras”.

Jader Lazarini

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