Confira os principais destaques dos balanços desta semana

Durante a semana diversas empresas divulgaram seus balanços do terceiro trimestre. Dessa forma, o Suno Notícias separou alguns destaques dos últimos dias e contou com a ajuda de analistas para comentarem especificamente sobre cada resultado.

Entre os balanços divulgados essa semana, na última terça-feira (29) a Magazine Luiza divulgou seu resultado trimestral. O comércio eletrônico da empresa cresceu duas vezes mais em relação ao mesmo período do ano passado, e chegou a R$ 3,3 bilhões no terceiro trimestre, um avanço de 96% em relação ao mesmo período de 2018. Além disso, as vendas online no último mês de contabilização do terceiro trimestre (setembro) ultrapassaram as físicas.

O online representou 48% das vendas totais da Magazine Luiza frente a 42% do trimestre anterior (entre junho e agosto).

“As últimas performances da Magazine Luiza são puxadas basicamente por market place (negócios feitos por terceiros no site da loja) e, principalmente, pelo e-commerce, né. Desde o início da gestão do Frederico Trajano, o faturamento da empresa começou a ser voltado ao e-commerce e até 2022 ela deve fazer parte de pelo menos 50% das vendas totais da empresa”, afirmou o analista da Guide Investimentos Rafael Passos, em entrevista à Suno Notícias.

O lucro registrado pela Magalu foi de R$ 235,1 milhões, crescimento de 96,7% na comparação anual. O lucro ajustado chegou a R$ 136,3 milhões, alta de 12,7% em relação ao mesmo período de 2018. “Nesse ultimo balanço, especialmente, o crescimento foi muito além do crescimento do setor”, analisa Passos.

Para o analista, a expectativa é de que a Magazine Luiza cresça ainda mais no próximo ano. “Em 2020, o volume de venda deve continuar crescendo. A margem deve ficar um pouco pressionada muito por conta da recente aquisição da Netshoes e a integração com a marca. Enfim, segue ainda uma expectativa muito positiva para a Magazine Luiza, principalmente com a abertura de novas lojas”, afirma.

Rafael ainda complementa sua análise sobre a varejista afirmando que a grande diferença da Magazine Luiza é a forma de lidar com o comércio online. “A Magazine foi uma das pioneiras em tecnologia principalmente por sua estratégia de manter o e-commerce complementando as lojas físicas. As lojas tem o papel de serem mini-estoques, onde ela consegue desovar de forma mais rápida para os clientes seus produtos”, diz o analista.

Klabin

Entre os balanços divulgados na semana também está aquele da maior produtora de embalagens de papelão do Brasil. A Klabin (KLBN11) registrou lucro líquido de R$ 215,2 milhões no terceiro trimestre deste ano.

A empresa quase dobrou o lucro em relação ao registrado no mesmo período do ano passado, de R$ 103,8 milhões. De acordo com a Klabin, o resultado final foi estimulado pelo reconhecimento de um crédito de R$ 1,014 bilhão referente à exclusão do ICMS da base de cálculo de PIS e Cofins. Além disso, a performance nos negócios de papéis e embalagens também foi fundamental para o balanço.

Passos afirmou ao SUNO Notícias que não só a Klabin, mas todas empresas do ramo foram influenciadas pelo fator externo nos balanços desse trimestre terminado em setembro. “Acho que aqui o fator não é só a Klabin, são as empresas do setor no geral. Principalmente por causa do cenário provocado pela China, que tem causado um desequilíbrio na demanda mais forte da celulose em termos de preço”, afirmou o analista.

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O reconhecimento do crédito gerou cerca de R$ 620 milhões no resultado do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado e também teve impacto positivo de R$ 366 milhões no resultado financeiro.

Para os próximos trimestres, Passos afirmou que esse seria um dos balanços que ele ficaria mais “cético” ao olhar para frente, muito por conta dos preços de commodities e alavancagem financeira da indústria.

“A Klabin terá um desembolso forte por conta do investimento no projeto ‘Puma 2’. Então aqui a gente pode até entender como uma pressão mais negativa na alavancagem financeira da empresa nesses próximos trimestres”, concluiu.

A receita líquida da Klabin chegou a R$ 2,45 bilhões no trimestre julho-setembro, com uma baixa de 12% em relação ao igual período do ano passado e de 5% em comparação ao trimestre encerrado em junho.

Santander

Entre os balanços dos bancos, na última quarta-feira (30), Santander Brasil informou em seu resultado trimestral que obteve um lucro líquido de R$ 3,6 bilhões. Esse valor é equivalente a alta de 5,8% em comparação com os três meses passados que havia registrado R$ 3,41 bilhões.

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As receitas totais ficaram em R$ 48,3 bilhões no acumulado de nove meses. Em doze meses esse valor representa aumento de 6,5%. As despesas totais do Santander somaram R$15,5 bilhões, alta de 5,6%, em relação ao mesmo período do ano passado.

“Aqui de fato não houve surpresa com o resultado do Santander, pois veio em linha com a expectativa do mercado. O Santander tem sua carteira de crédito que vem expandindo forte, principalmente o crédito para grandes empresas, que também tem avançado nos últimos trimestres”, avaliou o analista da Guide Investimentos.

Segundo o Santander, o aumento das despesas pode ser explicado pelo maior gasto com o processamento de dados e serviço técnicos especializados. O lucro líquido societário ficou em R$ 10,4 bilhões, crescimento de 18,1% em 12 meses. A carteira de crédito, avançou 11,1%, totalizando R$ 331,6 bilhões.

O patrimônio líquido totalizou R$ 71,9 milhões no final de setembro deste ano, alta de 11,1% em doze meses e 4,8% em três meses. O retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE) ajustado atingiu 21,2% no acumulado dos nove meses, alta de 1,8 p.p em doze meses. “O contexto é muito positivo, com inadimplência bem controlada. Enfim, o cenário é bem construtivo para o Santander”, diz o analista.

Gol

Em último, entre os balanços das maiores empresas do Brasil divulgados nessa semana, está aquele da Gol Linhas Aéreas (GOLL4) que registrou um prejuízo líquido de R$ 171,1 milhões no terceiro trimestre deste ano. “Os investidores não olham só o lucro e o prejuízo pra determinar a variação de uma empresa depois do balanço. Os investidores estão sempre comparando, olhando para trás dos últimos resultados”, explicou João Arthur, especialista da Suno Research, sobre a Gol ter sido uma das maiores altas na bolsa no mês passado, mesmo com resultados não tão positivos em trimestres anteriores.

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No ano passado, a companhia registrou um prejuízo de R$ 433,1 milhões. No comentário dos resultados, a Gol avaliou que sua “expansão foi sustentável durante o terceiro trimestre”.

A receita líquida ficou em R$ 3,71 bilhões, alta de 28,3% em relação ao mesmo período no ano passado. A receita operacional líquida por assento e por quilômetro ofertado cresceu 19,2%, para R$ 0,28. Por sua vez, o custo unitário baseado no custo por assento e quilômetro ofertado ficou em 5,8%, para R$ 0,23.

O Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) teve alta de 109%, para R$ 1,14 bilhão. A margem Ebtida subiu 11,8 pontos percentuais, alcançando 30,7%.

“A Gol teve um trimestre de receita recorde. Foi uma notícia boa para quem investe na empresa ou busca investir na Gol. Também teve uma margem Ebtida que está caminhando para um patamar muito saudável. Então a empresa está tendo algumas melhorias operacionais, isso porque a empresa opera com custo fixo muito elevado”, analisou Arthur.

O prejuízo atribuído aos acionistas chegou a R$ 242 milhões em setembro, uma queda de 54,6% em relação ao mesmo período do ano passado.

“Foge muito do perfil da Suno recomendar empresa de aviação, justamente por conta dessa volatilidade de dar lucro e prejuízo, mas o pessoal está olhando a melhora operacional registrada nos balanços da empresa, a margem Ebtida e a retomada econômica com a lotação dos voos da Gol”, finalizou João Arthur.

Juliano Passaro

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