Preso nos EUA, fundador da Empiricus confessa crime de fraude e roubo

O fundador da Empiricus Marcos Elias, preso nos EUA, confessou o crime de conspiração contra instituições financeiras americanas para cometer fraude eletrônica e roubo agravado de identidade. A informação é do jornal “Valor Econômico”.

O gestor e analista de investimentos está detido desde agosto de 2018 nos Estados Unidos. Marcos Elias foi preso na Suíça e extraditado nos EUA no ano passado. O fundador da Empiricus estava envolvido em um esquema que desviou mais de US$ 750 mil (cerca de R$ 2,7 milhões) de um banco de Nova York. Ele teria usado documentos falsificados de clientes brasileiros.

O ministério público norte-americano acusou Elias de criar um esquema de fraude “sofisticado”. Ele teria utilizado uma empresa de fachada no Panamá e uma conta bancária em Luxemburgo. As fraudes teriam envolvidos contas de um dos integrantes da família Zaffari, controladora do grupo varejista Zaffari.

Elias teria usado na operação documentos falsos, assinatura forjada e email falsificado. Com isso, em julho de 2014 o banco transferiu US$ 752 mil da conta da Zaffari para outra conta bancária, sediada no Luxemburgo. A instituição financeira acreditou ser uma conta do mesmo cliente. Logo que percebeu a movimentação, a família Zaffari alertou o banco e as autoridades norte-americanas.

Segundo o procurador do Distrito Sul de Nova York, Geoffrey S. Berman, Elias, 47 anos, se declarou culpado na última segunda-feira (4). O brasileiro teria admitido a culpa à juíza Laura Taylor Swain. O analista deve aguardar o julgamento, que está previsto para o dia 4 de abril, onde poderia ser condenado a até 30 anos de prisão. A sentença mínima obrigatória é de dois anos.

Elias foi um dos fundadores da consultoria de investimentos Empiricus em 2010. Ele permaneceu na empresa até 2012.

Carreira cheia de polêmicas

O analista se formou como engenheiro mecânico na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Em seguida, ele teria obtido um MBA nos Estados Unidos. Elias fez uma carreira rápida. Passou de um primeiro estagio no banco de investimento Bozzano Simonsen ao cargo de analista-chefe no Brasil do banco francês BNP aos 30 anos.

Com 22 anos ele já era analista de ações. Em 2003 fundou a GAS Investimentos, em seguida comprada pela Vinci Partners em 2004. Logo depois, tornou-se sócio da Link Investimentos. Mas saiu da empresa em 2006 após a compra por parte da Quest.  Criou então a Galleas, gestora de fundos especializada em ações small caps, onde se envolveu em sua primeira ação polêmica. Em setembro 2008, por causa do nervosismo dos mercados provocados pela quebra do Lehman Brothers, ele fechou as carteiras do Galleas para resgate. Os valores ficaram retidos até abril do ano seguinte.

Em 2010, foi um dos fundadores da Empiricus. Novamente voltou a se envolver em polêmicas escrevendo relatórios com linguagem agressiva. Ele foi processado por violação de código de conduta da associação dos analistas (APIMEC) após um documento em que atacava a Marfrig. O caso lhe custou uma suspensão do registro de trabalho por 12 meses. Elias foi também diretor da Guiar Investimentos, da Gradual Investimentos e professor da FGV.

O fundador da Empiricus aparece atualmente como sócio da empresa de análise Modena Capital em seu perfil no Linkedin. Entretanto, a atividade da empresa teria sido encerrada no início de 2018.

Carlo Cauti

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