Por que o preço do petróleo subiu 10% em uma semana

As cotações internacionais do barril de petróleo subiram 10% na última semana, levando a Petrobras (PETR4) a anunciar um aumento de 4% no preço da gasolina na última sexta-feira (9), véspera de feriado.

Um novo furacão nos Estados Unidos e uma greve no setor de petróleo na Noruega levaram para o alto os preços do petróleo. O furacão Delta, o mais recente rumo ao Golfo do México, levou à paralisação de 92% da produção de petróleo da região: cerca de 1,7 milhões de barris por dia, um recorde desde 2005.

Do outro lado do oceano Atlântico, uma greve entre os trabalhadores do setor petrolífero na Noruega reduziu a produção do país europeu de cerca de 330 mil barris por dia. Uma contração na produção que corria o risco de triplicar caso um acordo não fosse alcançado.

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Com isso, o petróleo tipo Brent voltou a ser vendido acima de US$ 43 (cerca de R$ 240 o barril, o tipo WTI acima dos US$ 41 por barril.

Entretanto se não houver danos à infraestrutura nos EUA, essa alta poderá ter uma curta duração. Além disso, a mediação do governo de Oslo teria resolvido a greve na Noruega.

Mercado do petróleo ainda incerto

Mesmo assim, o rumo do mercado petrolífero no futuro próximo continua sendo muito incerto. E isso está colocando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em crise. Isso pois, em tese, eles tinham previsto uma redução dos cortes de produção a partir de janeiro, voltando a cerca de 2 milhões de barris por dia de fornecimento.

Isso pelo menos atendia as vontades dos países membros do cartel: após um primeiro grande corte decidido como reação a emergência do novo coronavírus (covid-19), os estoques teriam que aumentar gradativamente, seguindo etapas pré-estabelecidas.

Os cortes de produção deveriam ser reduzidos à medida que o mundo saísse da emergência. Mas agora muitos países estão recuando e há o risco de novos confinamentos, com consequências perigosas para a demanda de petróleo, que ainda não se recuperou totalmente devido à crise da aviação.

Esse e uma série de eventos imprevistos geraram uma reavaliação da situação por parte dos países produtores e exportadores de petróleo.

Segundo o jornal norte-americano “The Wall Street Journal”, fontes da Arábia Saudita confirmaram que o debate entre os países membros da Opep está se esquentando, mesmo que a próxima cúpula do cartel só será realizada a partir de 30 de novembro.

Por isso, os sauditas estão considerando adiar o aumento dos fornecimentos petrolífero de três meses. Ou seja, retomando apenas em abril de 2021 a plena produção.

A hipótese é considerada plausível por vários analistas. E o banco norte-americano J.P. Morgan salientou em um relatório que, além do adiamento, também poderia haver cortes voluntários adicionais decididos pela Arábia Saudita.

Afinal, em setembro o príncipe-ministro, Abdulaziz bin Salman, havia desafiado os mercados, lembrando que o país tem condições de decidir sozinho o andamento dos preços. Segundo ele, apostar contra a recuperação do preço do petróleo pode “fazer muito mal” aos especuladores, a ponto de “gritar de dor” .

Coronavírus e turbulências internacionais

Existem também outras variáveis ​​para complicar esse cenário. Entre eles está a China, que nos últimos meses importou quantidades recordes de petróleo (nunca menos de 11 milhões de barris por dia entre maio e setembro), mas que agora parece ter desacelerado as compras. Seus estoques estão cheios e o congestionamento de petroleiros aguardando nos portos chineses preocupa.

Existem também fatores que levam para uma alta no mercado de petróleo. Em particular, os confrontos entre o Azerbaijão e a Armênia, que não se limitam ao território de Nagorno-Karabakh. Em 6 de outubro, um míssil caiu a poucos metros do oleoduto Baku-Tbilisi-Ceyhan, que transporta 600.000 barris de petróleo por dia do Mar Cáspio para a costa turca, e de lá para a Europa.

A mesma área também é atravessada pelo Gasoduto do Sul do Cáucaso. A britânica BP, que controla a infraestrutura e vários campos de petróleo na área, informou estar “muito preocupada” com a escalada, mesmo que por enquanto todas as operações estejam ocorrendo sem problemas.

Em conclusão, além da crise provocada pelo coronavírus, as cotações do petróleo ainda poderão subir por causa de turbulências geopolíticas que aumentam as incertezas nos mercados.

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Carlo Cauti

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