Extrema pobreza afeta 63 milhões de latino-americanos

A extrema pobreza afeta 10,2% da população latino-americana, o que corresponde a 63 milhões de cidadãos, de acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

Ainda segundo o levantamento, a pobreza afeta 30,2% de pessoas na América Latina. O valor equivale a 184 milhões de latino-americanos.

A CEPAL divulgou na terça-feira (15) o informe  “Panorama Social da América Latina 2018”, em Santiago, no Chile. O levantamento utiliza dados do ano anterior (2017).

Segundo a CEPAL, o número de pobres manteve-se estável em 2017, enquanto as pessoas extremamente pobres aumentaram.

Este aumento é uma tendência observada desde 2015 na região da América Latina, de acordo com a Agência EFE.

O percentual de 10,2% da população total enfrentando a extrema pobreza é o mais alto desde 2008, alertou a Organização das Nações Unidas (ONU).

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Grupos com maior incidência de pobreza

A pobreza e a extrema pobreza atingem as populações dependendo da localidade onde residem, bem como das características sócio-demográficas.

“A taxa de pobreza da população que reside nas áreas rurais é cerca de 20 pontos percentuais maior que a das áreas urbanas”, afirma a publicação da CEPAL.

Conforme o levantamento, a pobreza e a extrema pobreza também têm uma incidência maior sobre a população mais jovem.

A taxa de pobreza para meninos, meninas e adolescentes de até 14 anos, é 19% mais alta que a das pessoas de 35 a 44 anos. E 31% maior que a da população de 65 anos ou mais.

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Mercado de trabalho

Em média, cerca de 40% da população da América Latina tem renda inferior ao salário mínimo estabelecido por seu país.

A proporção é mais acentuada entre as mulheres (48,7%) e os jovens de 15 a 24 anos (55,9%).

De modo similar, o mercado de trabalho sente a diferença entre gêneros. A participação das mulheres, 50,2% ainda é notoriamente menor que a dos homens, 74,4%.

Grande parte das mulheres ocupadas (51,8%) são empregadas em setores de baixa produtividade. Destas, 82,2% não estão afiliadas ou não contribuem para algum tipo de sistema previdenciário.

“Sem políticas públicas adequadas que abordem assuntos chave, como a formação e o emprego das mulheres nas áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática, que contribuam para evitar a precarização dos empregos e que promovam a corresponsabilidade nos sistemas de cuidado, […] corre o risco de que se perpetuem as brechas existentes e as carências de trabalho decente que as afetam atualmente”, analisa o relatório.

A solução para reverter o quadro, não apenas da pobreza, conforme a CEPAL, são políticas universais que sejam sensíveis às diferenças. E que também promovam a alteridade, e acesso similar a todos os grupos sociais.

Amanda Gushiken

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