Petroleira BP registra prejuízo de U$ 17,7 bi e corta dividendos

A Petroleira BP (NYSE: BP) divulgou nesta terça-feira (4) seu balanço referente ao segundo trimestre de 2020. Nesse período  houve uma perda em uma base de custo de reposição, a medida monitorada mais de perto pelos analistas, em US$ 6,7 bilhões, abaixo do lucro líquido de US $ 2,8 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.

Consequentemente, a BP cortou seus dividendos pela primeira vez em uma década e anunciou seus planos para deixar o setor de petróleo e gás, e investir mais em energia com baixa emissão de carbono. Isso representa uma das maiores transições energéticas entre os principais concorrentes petroleiros em um momento de profunda crise na indústria.

A gigante britânica de energia pretende aumentar seus investimentos em energia de baixo carbono para US$ 5 bilhões por ano até 2030, de cerca de US$ 500 milhões, ao mesmo tempo em que vê sua produção de petróleo e gás cair 40% em relação aos níveis de 2019. Os planos incluem aumentar a capacidade de energia renovável, como eólica e solar para 50 gigawatts, de 2,5 GW em 2019.

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A decisão da BP na terça-feira caracteriza um dos piores trimestres registrado entre todas as maiores empresas petrolíferas do mundo, as quais relataram perdas e alertaram para mais impactos negativos do coronavírus (covid-19), à medida que a pandemia acaba com a demanda global por combustíveis fósseis.

A decisão da empresa de reduzir pela metade seu dividendo segue um movimento semelhante ao da Royal Dutch Shell, que afirmou em abril que reduziria seu dividendo em dois terços. As outras grandes empresas de petróleo, Exxon Mobil, Chevron e Total SA, mantiveram seus dividendos, mas contraíram mais dívidas.

“Particularmente quando estávamos anunciando o corte nos dividendo, queríamos contar a história de uma só vez, para que as pessoas pudessem colocar todas as decisões em contexto”, disse Bernard Looney, diretor executivo da BP.

Redefinir seu dividendo em um nível mais baixo permite que a BP invista nas oportunidades decorrentes da transição energética, disse a empresa. A petroleira também planeja vender US$ 25 bilhões em ativos até 2025. As vendas recentes da unidade de negócios e produtos químicos da BP no Alasca contribuem para o objetivo, informou a empresa.

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Os resultados negativos e os cortes nos dividendos ocorrem em um momento em que as empresas de petróleo já estavam sob pressão dos investidores para articular uma visão para o futuro. A demanda por combustíveis fósseis deverá aumentar ou encolher nos próximos anos, à medida que o mundo transita para a energia de baixa emissão de carbono. Empresas, incluindo a BP e a Shell, questionaram se a demanda por petróleo se recuperaria totalmente para níveis pré-pandêmicos ou se o coronavírus poderia acelerar a transição para uma energia mais verde.

Daniel Guimarães

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