Paládio: como esse mineral chegou a valer uma vez e meia o ouro

Se 2019 foi um ano de bull market para muitas Bolsas de Valores do mundo inteiro, inclusive para a B3, há um mineral que no ano passado conseguiu superar qualquer resultado dos mercados financeiros: o paládio.

A cotação do paládio, descoberto em 1803 pelo químico inglês William Wollaston, teve uma valorização de mais de 100% entre janeiro 2019 e janeiro 2020, passando de cerca de US$ 1,2 mil para quase US$ 2,6 mil. Um valor mais do que uma vez e meia superior ao do ouro.

Somente em janeiro o paládio chegou a subir mais de 23%. Uma valorização ligada tanto aos fatores de escassez do elemento, muito raro em natureza e ligado à platina, quanto ao crescente atenção às questões de redução de emissões de CO2 por parte da comunidade internacional.

Além disso, esse mineral raro provou ser excepcionalmente versátil, e por isso sua procura aumentou. Seu uso varia do setor de jóias até aplicações industriais, especialmente aquelas relacionadas ao mundo dos carros e a criação de conversores catalíticos eficientes para motores a gasolina.

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Parece quase um destino já escrito para um mineral que ganhou o nome da versátil deusa grega Pallas Athena, símbolo da inteligência e dos estudos, e padroeira da capital grega Atenas.

Mercado internacional procurando mais paládio

O mercado internacional está caminhando em direção da compra de mais veículos com motores a gasolina, com conversores que utilizam o paládio e que são menos poluentes, e cada vez menos a diesel, cujos conversores usam platina.

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Por isso que, diante de um aumento nos preços do paládio, há uma estagnação nos preços da platina, que conseguiu recuperar os mil dólares por onça há apenas alguns meses.

O aspecto de escassez do paládio (assim como de seu mental “gêmeo”, o ródio, também com as cotações subindo 40% em um ano) afeta a dinâmica dos preços. Os principais produtores de paládio são:

  • África do Sul
  • Rússia
  • Canadá
  • Zimbábue

Todos países onde os processos de extração são muito complexos. Além disso, as reservas russas estão praticamente esgotadas.

Também por esse motivo, a oferta global do mineral tem sido por alguns anos menor que a demanda. De um lado a produção global de cerca de 200 toneladas por ano tem que arcar com uma demanda evidentemente mais alta. Uma tendência que acabará afetando as reservas e elevando os preços.

Aproveitando essa situação de desequilíbrio entre demanda e oferta, desde meados de 2018 vários fundos especulativos também interceptaram a onda de alta do preço do paládio. Isso acabou criando um efeito especulativo que pesou bastante nas últimas semanas.

Existem alternativas industriais ao paládio, as próprias platina e ródio. Mas o desenvolvimento de novos dispositivos e catalizadores baseados nesses materiais, e que mantenham a mesma eficiência do paládio, não será uma questão de meses e sim de muitos anos. Por isso, é muito provável que a “febre do paládio” continuará nos próximos anos.

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Carlo Cauti

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