Onyx Lorenzoni diz que governo não vai afastar a diretoria da Vale

O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou nesta terça (29) que não há como o governo federal interferir na Vale e afastar sua diretoria. A hipótese foi ventilada após o rompimento da barragem em Brumadinho (MG).

“Temos que aguardar o andamento das investigações. Não cabe ao governo federal apoiar nenhuma empresa ou diretoria de qualquer empresa que não seja de sua absoluta responsabilidade”, disse Onyx Lorenzoni, sobre afastar os diretores da Vale. O ministro participou de entrevista coletiva no Palácio do Planalto.

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Ele disse que a golden share que o governo detém na Vale não lhe dá o poder de interferência na gestão. Ações golden share são papéis que pertencem ao Estado e lhe conferem direitos especiais de caráter estratégico, com o poder de veto em algumas decisões.

“Não há condição de haver qualquer grau de interferência. Não seria uma boa sinalização para o mercado”, declarou. “É preciso ter prudência para saber que o que está em jogo, além da vida das famílias, é um setor econômico muito relevante para o país. É preciso ter equilíbrio”.

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Lorenzoni contraria Mourão

Na segunda (28), o presidente interino Hamilton Mourão havia declarado que o governo estudava essa possibilidade. O afastamento se daria enquanto durassem as investigações sobre a tragédia.

“Essa questão da diretoria da Vale está sendo estudada pelo grupo de crise. Vamos aguardar quais são as linhas de ação que eles estão levantando”, afirmou Mourão. “Tem de estudar isso, não tenho certeza se [o Poder Executivo] pode fazer essa recomendação”.

O gabinete de crise foi criado pelo Palácio do Planalto para acompanhar a tragédia em Brumadinho. Ele voltou a se reunir na manhã desta segunda. Dois assuntos são prioridade para o gabinete. Um deles é decidir sobre a liberação de ajuda financeira às famílias atingidas pela tragédia, como liberação do saque do FGTS e o pagamento de bônus do Bolsa Família, por exemplo). O outro é definir as medidas emergenciais para avaliar com mais precisão o estado das quase 800 barragens de rejeito de minério no País.

Guilherme Caetano

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