Oi (OIBR3): receio sobre Cade pauta negociações de TIM e Vivo

As negociações sobre a possível venda da parte de telefonia móvel da Oi (OIBR3) para as operadoras TIM (TIMP3) e Telefônica (VIVT3) têm um componente central para além do preço dos ativos: o receio de uma interferência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no negócio.

O SUNO Notícias apurou que as equipes de advogados especializados em fusões e aquisições têm se debruçado há dias para analisar as possibilidades de veto do órgão. Por isso, as empresas devem fatiar a compra da Oi Móvel, em algo em torno de 70% para a TIM, e 30% para a Telefônica, para não concentrar ainda mais o mercado.

O Cade é o responsável por “zelar pela livre concorrência no mercado” e por “decidir, em última instância, sobre a matéria concorrencial”, segundo definição do órgão. Ou seja, é o Cade que deve aprovar ou não o negócio dado os requisitos de livre concorrência do mercado.

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“Essa é a grande preocupação no momento. Diria até mais que a questão financeira. Porque de nada adiantaria o negócio ser fechado e o Cade vetar lá na frente”, disse uma fonte com conhecimento do assunto ao SUNO Notícias.

De acordo com a consultoria Teleco, a participação de mercado está dividida atualmente da seguinte forma:

  • Telefônica (Vivo) – 32,9%
  • Claro – 24,1%
  • TIM – 23,7%
  • Oi – 16,2%

“Por isso, apesar da sinergia do negócio para as duas, há a necessidade de decidir qual ativo ficará a cargo de qual empresa, já que o percentual maior deve ficar com a TIM. Tem sido um trabalho homérico”, afirmou.

Depois de batido o martelo sobre isso, a compra da parte móvel da Oi ainda precisa passar pela aprovação dos credores, já que a recuperação judicial foi aprovada com a totalidade da empresa.

A expectativa é positiva, no momento. Mas alguns cuidados devem ser tomados antes de submeter o negócio à assembleia.

Isso porquê ainda é necessário mostrar que a parte de telefonia fixa da Oi se torne viável com o dinheiro captado com a venda da sua parte mais suculenta -a móvel para o mercado.

De acordo com analistas do mercado, as redes móveis da Oi tem valor aproximado de R$ 15 bilhões.

De qualquer forma, apesar das dúvidas, há uma expectativa que o negócio seja anunciado formalmente entre julho e agosto deste ano, segundo apurou o SUNO Notícias.

Oi passa por problemas e desperta interesse

No início deste ano, a TIM e a Telefônica manifestaram interesse em iniciar negociações para adquirir a Oi Móvel.

Segundo o fato relevante divulgado no dia 10 de março, a TIM e a Telefônica ficariam com uma parcela do negócio, caso esse se concretizasse. Além disso, o documento indica como “a transação, se concretizada, criará valor a nossos acionistas e clientes através de maior crescimento, geração de eficiências operacionais e melhorias na qualidade do serviço.

Confira: Oi (OIBR3) encerra fevereiro com caixa operacional negativo em R$ 1 bi

A Oi está em recuperação judicial desde junho de 2016 vem trabalhando para vender o máximo de ativos não estratégicos possíveis para reforçar seu caixa. A empresa está sendo liderada por Rodrigo Abreu há aproximadamente um mês.

As duas maiores operações da Oi com este intuito foram a negociação da venda da angolana Unitel por US$ 1 bilhão (cerca de R$ 4,6 bilhões na cotação atual), e a captação de R$ 2,5 bilhões por meio de títulos de dívidas.

Em meados de 2019 a operadora brasileira foi disputada entre a gigante norte-americana AT&T e a chinesa China Mobile. O CEO da operadora dos EUA, Randall Stephenson, chegou a visitar o Brasil e a se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro, além de ministros e deputados. Entretanto, ambas as propostas não avançaram.

A expectativa, agora, é que o negócio da Oi com a TIM e a Telefônica possa, finalmente, avançar.

Vinicius Pereira

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