Odebrecht prevê corte de 90% em dívidas de ex-executivos

A Odebrecht possui R$ 3,7 bilhões em dívidas com credores não financeiros sem garantias, desses, segundo a companhia, serão pagos R$ 270 milhões no processo de recuperação judicial. Para isso, é necessário que o grupo seja abastecido por dividendos de empresas controladas pela holding.

Segundo as informações do jornal “Valor Econômico”, esse grupo de credores da Odebrecht é composto por ex-executivos colaboradores do Ministério Público Federal (MPF), ex-acionistas da holding ODBInv e até mesmo o ex-presidente da companhia Newton Souza.

Ninguém dessa relação de credores sairá com mais de R$ 3 milhões no bolso cada um. O grupo não poderá consumir mais do que R$ 40 milhões por ano com esses pagamentos, até 2021.

Caso a Odebrecht não consiga captar dividendos ou não venda alguns dos seus ativos, nada será ressarcido. A diferença entre esses desembolsos e o valor cheio desses créditos será tratada da mesma forma que as dívidas financeiras.

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De forma a dimensionar do que se trata este plano, é importante ressaltar que Emilio e Marcelo Odebrecht, dois dos maiores credores, registram juntos créditos de R$ 97 milhões em créditos derivados de incentivos de longo prazo (ILP).

A dívida com Rebello de Araújo na ODBInv é de aproximadamente R$ 900 milhões. Newton de Souza tem quase R$ 270 milhões a receber e José Carlos Grubisich, ex-presidente da petroquímica Braskem (BRKM5) e preso no mês passado nos Nova York, diz ter direito R$ 68 milhões.

Odebrecht procura reestruturar dívida

A Odebrecht registrou R$ 98 bilhões em dívidas na recuperação judicial, solicitada em 17 de junho. Desse total, o quadro de votação é composto por cerca de R$ 40 bilhões em compromissos. Embora no total os credores não financeiros sejam uma pequena parte, eles são relevantes para aprovação do plano. É necessária maioria, em cada classe, por volume de dívida e por indivíduo.

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A recuperação judicial do grupo engloba 21 holdings e subholdings, mas a Atvos Agroindustrial Investimentos será retirada do processo. Na última terça-feira (10), foi decidida a suspensão da assembleia das demais 20 sociedades.

Os encontros serão retomados no dia 19. A expectativa, segundo Eduardo Munhoz, advogado da Odebrecht, é possuir a versão final do plano nas próximas reuniões, após acordo que segue sendo negociado com as instituições bancárias que têm em garantia as ações da petroquímica Braskem. Mesmo assim, é possível que a votação só seja concluída apenas no ano que vem.

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A pauta em discussão deve levar à reorganização de R$ 55 bilhões em dívidas dentro e fora do processo judicial da Odebrecht. Os créditos financeiros, de acordo com Munhoz apresentou no encontro, serão transformados num título de participação em ganhos com venda de ativos e dividendos. O grupo de executivos e ex-acionistas minoritários também terá direito aos novos papéis, além dos valores citados.

Jader Lazarini

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