Balanços da semana

Negociação sobre a dívida continua, diz presidente da Argentina

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, declarou neste sábado (9) que as negociações com credores sobre a dívida externa continuam. Isso pois ainda não há um acordo sobre o resultado final da oferta.

O governo da Argentina apresentou uma proposta de redução de capital de 5,4% aos credores internacionais, com um corte de 62% na taxa de juros e um período de carência de três anos. O prazo para aceitar a oferta inicial do governo expirou na última sexta-feira (8).

Veja também: Suno One: O primeiro passo para alcançar a sua independência financeira

O país vizinho precisa reestruturar US$ 65 bilhões de dívida externa (cerca de R$ 355 bilhões). Segundo o presidente argentino, que se reuniu com seu ministro da Economia, Martín Guzmán, as partes “dialogando de boa fé” com o objetivo de chegar a um acordo aceitável.

“A possibilidade de estender a oferta continua vigente até segunda-feira, 11 de maio. Quando esse prazo expirar, definiremos os próximos passos. Como sempre, nosso objetivo é assumir compromissos que possamos cumprir”, escreveu Fernández em sua conta no Twitter.

O presidente argentino tinha declarado, em uma entrevista com uma rádio local, que poderia haver contraofertas dos credores nos próximos dias. Entretanto, o mandatário salientou como é improvável que a posição do Executivo de Buenos Aires mude.

“Sou muito firme no que propusemos”, afirmou Fernández à rádio Futurock, salientando como estava lidando com “personagens muito únicos do mundo das finanças”.

“Desta vez, temos uma espécie de aval do principal auditor das finanças mundiais, que é o Fundo Monetário Internacional (FMI)”, explicou.

“Agradecemos aos credores que apoiaram nossa proposta. Até segunda-feira, há tempo para estendê-la. O diálogo continua em busca de um acordo que a Argentina e seus credores possam sustentar”, tuitou Guzmán.

Credores já tinham rejeitado uma proposta

Três grandes grupos de credores da Argentina rejeitaram  na última segunda-feira (4) a proposta do governo para reestruturação da dívida externa.

Saiba mais: Argentina: credores rejeitam proposta de reestruturação da dívida

Os credores reiteraram sua posição de rejeitar uma oferta feita pelo governo argentino no mês anterior. A Argentina endureceu seu posicionamento de que o acordo nas condições atuais é o único caminho para evitar uma crise completa da dívida.

A proposta do país inclui uma suspensão por três anos nos pagamentos dos títulos de dívida. A oferta ainda implica uma redução de 62% nos pagamentos de cupons e o adiamento dos vencimentos para pelo menos 2030.

No entanto, os detentores de títulos afirmaram que não iram oferecer seus ativos na oferta com as condições atuais. Por outro lado, os credores disseram estar dispostos a negociar com o governo da Argentina quando este estivesse preparado.

“Os credores consideram que os termos exigem que os portadores de bônus argentinos sofram perdas desproporcionais que não são justificadas nem necessárias”, informaram os três grupos de credores, por meio de comunicado.

Os bônus da Argentina caíram, em média, 2,7% nesta segunda-feira e estão sendo negociados na casa dos centavos, na faixa de 20 a 35.

Argentina pode ter default pela 9ª vez

O impasse nas negociações aumenta o risco do país cair no que seria o nono default da dívida soberana, em 22 de maio quando o período de carência do pagamento de juros no valor de US$ 500 milhões de dólares vencer.

Saiba mais: Argentina pode dar calote na próxima sexta-feira; entenda

O chefe do gabinete da Argentina, Santiago Cafiero, afirmou na semana passada que a proposta do país não será modificada. Segundo ele, esse é “o compromisso que podemos cumprir e que será sustentável ao longo do tempo”.

Enquanto, no último domingo (3), o ministro da Economia, Martín Guzmán, escreveu em artigo publicado no Financial Times que a Argentina não tem condições de pagar mais aos credores. Segundo o chefe da pasta, a situação se agrava ainda mais com a crise causada pela pandemia do novo coronavírus, que reduziu fortemente o volume de exportações e das receitas fiscais.

Carlo Cauti

Compartilhe sua opinião