México: com conflito comercial com EUA, país importa milho do Brasil

Em meio ao conflito comercial com os Estados Unidos, importadores do México reservaram um carregamento de 35 mil toneladas de milho do Brasil, de acordo com a consultoria INTL FCStone. As informações são da agência “Reuters”.

De acordo com a consultoria, o navio deve deixar o porto de Santarém (PA), rumo ao México, no penúltimo domingo do mês (22). Os Estados Unidos da América (EUA) são líderes na produção e exportação de milho.

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Além disso, pela proximidade geográfica, o comércio entre os países vizinhos conta com facilidades logísticas. Contudo, em meio ao conflito comercial entre os dois países, o México realizou uma encomenda brasileira.

“Não é comum carga do Brasil para o México, e tem toda essa discussão sobre tarifas. Pode ser um sinal dos mexicanos querendo mostrar que podem originar em outros lugares”, afirmou o analista Lucas Pereira, da INTL FCSTone à “Reuters”.

Caso concretizado, este será o primeiro embarque brasileiro de milho para o México desde janeiro deste ano. No início do ano, um carregamento de 33 mil toneladas foi computado no histórico de exportações do Ministério da Agricultura.

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Mato Grosso pode se beneficiar com conflito comercial entre Estados Unidos e México

O estado do Mato Grosso é o maior produtor de milho do Brasil. Na atual safra, espera-se uma produção recorde de cerca de 100 milhões de toneladas.

A colheita no estado já teve início, e parte da produção de soja e milho do Mato Grosso é escoada para o mercado internacional via portos do Norte do Brasil, como o referido do Pará.

No passado, entre 2017 e 2018, o México já havia comprado milho brasileiro, atipicamente. Isto ocorreu devido à preocupação mexicana de que as negociações do North American Free Trade Agreement (Nafta) pudessem afetar as exportações norte-americanas do cereal.

Deste modo, nos dois anos, o Brasil realizou a exportação de 800 mil toneladas para o México. Mas, apenas em 2017, os Estados Unidos exportaram cerca de 14,7 milhões de toneladas de milho para o país vizinho.

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Estados Unidos desfalcado

A produção de milho nos Estados Unidos sofre atraso recorde no plantio, devido a diversos fatores. O principal deles é o clima, com chuvas fortes e constantes nos dois últimos meses, atrapalhando o plantio.

Em adendo, nas últimas semanas, diversos estados do Sul dos EUA sofreram as consequências de tornados e tempestades.

O cinturão produtor dos Estados Unidos foi atingido, no qual estão inclusos os estados do Arkansas, Missouri, Texas, Oklahoma, Kansas e Iowa. Além disso, Ohio e Indiana, no norte do País, também tiveram atrasos nas produções.

Assim, os contratos futuros da commodity desvalorizam na Bolsa de Valores de Chicago (CBOT).

“Com a safrinha volumosa, hoje o milho brasileiro e o milho da Argentina estão mais baratos do que o milho dos EUA no mercado internacional. Para o México tem toda uma questão logística, o preço acaba não sendo fator determinante. Mas estamos vendo esta dinâmica favorecendo o milho sul-americano”, acrescentou Pereira.

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Conflito entre México e Estados Unidos

O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou no último dia 30 a possibilidade de taxar todos os produtos importados do México em 5%. A medida começará a valer a partir de 10 de junho, e o percentual deve aumentar gradualmente com o tempo.

A decisão de Trump mira eliminar a entrada de imigrantes clandestinos em território dos Estados Unidos da América (EUA). O país faz fronteira com o México, e deste modo ocorre a imigração ilegal.

Segundo comunicado da Casa Branca, o percentual das taxas sobre produtos importados mexicanos vai aumentar gradualmente, caso não haja queda na imigração ilegal, conforme:

  • 10 de junho: tarifas alfandegárias de 5%;
  • 1º de agosto: tarifas alfandegárias de 15%;
  • 1º de setembro: tarifas alfandegárias de 20%;
  • 1º de outubro: tarifas alfandegárias de 25%;

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Quando a taxa chegar a 25%, deve permanecer no percentual indefinidamente.

“Se a crise de imigração ilegal for aliviada com atitudes eficazes tomadas pelo México, as tarifas serão removidas”, explicou Trump.

“Se o México falhar em agir, as taxas vão continuar no nível alto [25%], e as empresas localizadas no México podem começar a retornar aos Estados Unidos para fabricar seus bens e produtos. As companhias que se mudarem de volta aos Estados Unidos não vão pagar as tarifas ou serem afetadas de maneira alguma”, continuou Trump.

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Presidente do México afirma que responderá à ameaça

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, rebateu no último dia 31 que deve responder com grande prudência às ameaças tarifárias feitas por Trump. Em adendo, pediu aos mexicanos união para lidarem com esse desafio.

“Eu digo a todos os mexicanos que tenham , vamos superar essa atitude do governo dos EUA. Eles [norte-americanos] farão retificações porque o povo mexicano não merece ser tratado dessa maneira”, afirmou López Obrador.

Amanda Gushiken

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