Mandetta afirma que não tem intenção de deixar o ministério da Saúde

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nesta quarta-feira (25) que não pretende entregar o cargo. A declaração aconteceu após o ministro ser desautorizado publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro.

A possibilidade da renuncia do ministro Mandetta surgiu após, na noite da última terça-feira (24), o presidente da República fazer um pronunciamento em rede nacional sobre os impactos do novo coronavírus (covid-19) no Brasil.

Em sua fala, Bolsonaro defendeu o fim das medidas de isolamento social e voltou a chamar a doença de “resfriadinho”, indo contra as orientações do ministério da Saúde. No entanto, de acordo com os auxiliares, a chance do ministro renunciar ao cargo “é zero”.

O discurso foi feito sem consulta da equipe ministerial e contestou as sugestões do ministério da Saúde para permanecer em casa, a fim de reduzir a curva de contágio do vírus.

A fala de Bolsonaro teve repercussão negativa entre os técnicos de saúde, principalmente, por se posicionar contra as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e ir na contramão das medidas tomadas em outros países frente a crise.

O presidente substituto da Anvisa, Antonio Barra Torres, é apontado como possível sucessor de Mandetta. O diretor é amigo pessoal de Bolsonaro e atua como conselheiro na pandemia do coronavírus.

Barra Torres é mantém posições mais alinhadas ao de Bolsonaro. O diretor da Anvisa esteve nas manifestações do dia 15, quando o presidente cumprimentou os manifestantes, mesmo contra as orientações frente ao coronavírus.

Entretanto, o ministro da Saúde comunicou a assessores e técnicos de sua equipe mais próxima que não pretende deixar o cargo à disposição. As informações são do jornal Valor Econômico.

Repercussão da crise do ministro Mandetta

Mesmo após a desaprovação do presidente da República, os integrantes do governo avaliam positivamente a postura do ministro da Saúde. Para os membros diretamente envolvidos no combate à pandemia, Mandetta tem tido uma atuação “irrepreensível” e virou símbolo do governo federal. Por esse razão substituí-lo representaria um “desastre”.

Na mesma linha, o líder do governo no Congresso senador Eduardo Gomes (MDB-TO) procurou relativizar o discurso de presidente. O congressista defendeu fazer a diferença entre posições ambíguas de Bolsonaro.

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De acordo com Eduardo Gomes, as declarações do presidente se referem ao “médio prazo”, enquanto as orientações do ministro Mandetta abordam o combate à doença “minuto a minuto”.

O deputado federal Fábio Trad (PSD-MS), primo do ministro, fez uma publicação no Twitter defendendo a posição de Mandetta e que se abra mão do ministério, se esse for o custo de abandonar “a ciência”.

“Mandetta, eu o conheço a mais de 40 anos. Permita-me um conselho de quem tem seu sangue nas veias: a dignidade de um homem está acima de cargos. Não fuja do juramento que fez na sua formatura. Fique com a ciência. Se isto lhe custar o ministério, paciência. Sangue não vira água!”.

Arthur Guimarães

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