Maia critica baixo engajamento na defesa da reforma da Previdência

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, criticou a inclusão da mudança no Benefício de Prestação Continuada (BPC), benefício pago a idosos pobres, na reforma da Previdência. Ele também criticou o tímida atuação dos bolsonaristas na defesa do projeto. O parlamentar esteve em São Paulo nesta segunda (25) para um evento na sede da Folha de S.Paulo.

Segundo Rodrigo Maia, o baixo impacto fiscal do BPC o torna desnecessário no meio de outras mudanças mais urgentes. “O custo de debater o BPC na reforma da Previdência é muito alto”, ele disse. “Se não há impacto, por que vamos tratar dessa parte da sociedade que é excluída e não consegue trabalhar?”

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O BPC hoje paga um salário mínimo (R$ 998) a idosos e pessoas com deficiência em situação de miséria. Na proposta enviada pelo governo Bolsonaro ao Congresso, a idade para receber esse benefício assistencial vai subir de 65 para 75 anos. Assim, aos 60 anos, os beneficiários obtêm o direito a receber R$ 400, só podendo receber o salário mínimo integral dez anos depois.

Além do BPC, Maia deu indícios de que as mudanças na aposentadoria rural e no tempo mínimo de contribuição, de 15 para 20 anos, podem ser retirados. “O principal problema da aposentadoria é fraude. Se nós resolvermos essa distorção (fora da reforma), daqui para frente talvez esse déficit não cresça tanto”, ele disse. Em relação ao tempo mínimo de contribuição, ele afirmou que se trata de “uma alteração pesada”. “Se tem muita gente que não consegue atingir o mínimo de 15 anos, imagina aumentar para 20″.

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O presidente da Câmara também se mostrou incomodado com o engajamento da base de Bolsonaro na defesa do projeto. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, ele disse que “a guerrilha está no celular, nas redes sociais” e que “o governo ou o partido do presidente têm que organizar o enfrentamento” na defesa da reforma.

“O coordenador de um grupo de Whatsapp em que me colocaram na época da campanha é um coronel bolsonarista que está há três dias sem tratar do assunto. Falei para o Marinho [Rogério Marinho, secretário da Previdência Social]: ou vocês vão dar argumentos para esse cara defender a reforma ou o risco de o tema estar contaminado em 30, 40 dias não é pequeno”, declarou. “O governo deveria dar discurso aos seus apoiadores, que estão meio silenciosos nas redes. Pessoal não está conseguindo responder aos vídeos de quando Bolsonaro era contra idade mínima aos 65 anos e agora é a favor”.

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Maia se refere a discursos dados pelo então deputado Jair Bolsonaro nos quais dizia ser uma “falta de humanidadeaposentadoria aos 65 anos. Agora presidente e um dos responsáveis por fazer aprovar a reforma da Previdência, ele precisou fazer um mea culpa publicamente pelas declarações passadas.

Guilherme Caetano

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