Itaú (ITUB4) piora estimativa de déficit primário para 11% do PIB

O Itaú Unibanco (ITUB3; ITUB4) divulgou um relatório nessa sexta-feira (3) informando que revisou e piorou a estimativa para o déficit primário do Brasil em 2020 e 2021. Para esse ano, a projeção passou de um rombo de 10,2% do Produto Interno Bruto (PIB) da previsão anterior, para 11% do PIB, alcançando R$ 800 bilhões.

Em relação ao déficit primário em 2021, o Itaú prevê que seja de 2,5% do PIB, chegando a R$ 200 bilhões, ante a projeção anterior de 2,2%.

Entretanto, o banco privado destacou que a estimativa era resultado de um cenário em que o auxílio emergencial de R$ 600, apelidado de coronavoucher, fosse prorrogado por 2 meses com valor menor, contudo o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), assinou um decreto prolongando o benefício por mais dois meses, mas mantendo o valor de R$ 600.

Suno One: o primeiro passo para alcançar a sua independência financeira. Acesse agora, é gratuito!

Nesse cenário, o banco havia previsto que o impacto fiscal das medidas adotadas para enfrentar os efeitos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) deveria chegar a  R$ 565 bilhões, ou seja, 7,8% do PIB.

Por sua vez, a expectativa para a taxa de desemprego no país para o final desse ano, ficou em 16,6%, ante a 14% na projeção anterior. Já para o fim de 2021, a projeção passou de 13,7% para 16,2%.

“Para os dois anos, com o desemprego mais elevado, as receitas do governo também terão um crescimento menor do que esperávamos anteriormente”, pontuou o relatório.

Além disso, o relatório salientou que “no caso de piora fiscal adicional, a retomada da economia ficaria ainda mais prejudicada, e a manutenção da taxa de juros próxima às mínimas históricas poderia ser inviabilizada”.

Saiba mais: Economistas preveem déficit primário do governo central a R$708,8 bi

Sobre a dívida bruta, a previsão é que chegue a 92% do PIB nesse ano, ao passo que em 2021 deve alcançar 90% do Produto Interno Bruto.

Itaú mantém previsão para Selic

Já as previsões para a taxa básica de juros (Selic) foram mantidas. O banco espera que a Selic fique em 2,25 no fim desse ano, mas cresça para 3% em 2021.

O relatório destaca que a previsão é que haja um aumento de 0,9% do PIB nos gastos sociais, que seria  parcialmente custeado por um aumento na carga tributária de 0,2% do PIB. Contudo apontou que “do lado dos tributos, o aumento deve focar a tributação de lucros de setores específicos e de alta renda”.

Em relação ao PIB, o Itaú manteve sua estimativa para um resumo de 4,5% nesse ano, mas indicou que esse deve crescer 3,5% no ano que vem. O banco explicou que os principais riscos negativos para seu contexto são resultado da evolução e propagação do coronavírus.

Veja também: IDAT: Itaú (ITUB4) cria indicador de atividade econômica diária

“Acreditamos que a queda dos óbitos em escala nacional deve começar em julho, permitindo a continuação da abertura gradual da economia. Para isso, será importante monitorar a evolução das taxas de contágio”, declarou o relatório.

Já para o segundo trimestre de 2020, o relatório aponta uma previsão de queda de 10,6% no Produto Interno Bruto. “A recuperação esperada em maio e junho gera um carrego estatístico positivo para o PIB do terceiro trimestre, para o qual esperamos crescimento de 8,5%”, afirmou o banco.

Previsão para inflação também é mantida

Por sua vez, a previsão para a inflação  também foi mantida, sendo a esperado 1,8% nesse ano e 2,8% em 2021.

Além disso o banco também manteve suas projeções em relação a taxa de câmbio, sendo essa de 1 dólar a R$ 5,75 no final do ano e a R$ 4,50 no ano que vem.

De acordo com o relatório do Itaú, “há riscos nas duas direções. Por um lado, caso haja uma deterioração fiscal significativa que resulte numa saída mais forte de capitais (com eventual fuga de capitais de brasileiros), a depreciação da moeda deve ser mais intensa. Por outro, o ambiente global, marcado pela busca por retorno financeiro, pode atuar no sentido de apreciar ativos brasileiros, acelerando a convergência para valor compatível com fundamentos da economia brasileira (que acreditamos ser em torno de R$ 4,25 por dólar)”.

Laura Moutinho

Compartilhe sua opinião