IRB (IRBR3) confirma nomeação de Cassio de Santos como presidente do Conselho

A IRB Brasil Re (IRBR3) confirmou a indicação de Antônio Cassio dos Santos como novo presidente do Conselho de Administração. A nomeação tinha sido informada na semana passada, após o escândalo que derrubou as ações da resseguradora.

O executivo substituirá Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, e presidente interino do Conselho da IRB após a demissão de Ivan Monteiro, no último dia 20 de fevereiro.

Cassio dos Santos vai representará a União no Conselho de Administração da IRB. O governo federal é detentor da golden share na resseguradora. O executivo tem 55 anos, tem mais de 20 anos de experiência no setor e trabalhava desde 2015 como CEO Américas do grupo italiano Generali.

Entre os grupos onde passou por cargos de liderança estão:

  • Grupo Zurich para a América Latina, onde foi CEO por quatro anos;
  • Mapfre Seguros Brasil, onde liderou o conselho executivo por 11 anos;

O nome de Cassio dos Santos será submetido à aprovação da assembleia geral extraordinária.

Entenda o imbróglio com a IRB Brasil

A mudança no comando da IRB Brasil é uma tentativa de limitar a pior crise de história da resseguradora. O imbróglio com a começou com a divulgação pela gestora Squadra, no final de janeiro, de uma carta acusando a resseguradora de irregularidades contábeis.

Após uma forte queda das ações em fevereiro, no final do mês o jornal “O Estado de S.Paulo” divulgou a notícia que a Berkshire Hathaway teria triplicado sua posição na empresa.

Entretanto, poucos dias depois a própria Berkshire negou qualquer participação na IRB. “Surgiram relatos recentes na imprensa brasileira que a Berkshire Hathaway Inc. teria se tornado acionista da IRB Brasil. Esses relatos são incorretos. A Berkshire Hathaway não é atualmente um acionista da IRB, nunca foi acionista da IRB e não tem intenção de se tornar acionista da IRB”, salientou a empresa de Buffett em nota. O documento é assinado pelo vice-presidente financeiro da Berkshire, Marc D. Hamburg.

 

A participação da norte-americana, segundo o Estadão, estaria próxima de US$ 200 milhões (cerca de R$ 900 milhões). A nota divulgada pela Berkshire negou essas informações.

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A notícia levou a cotação das ações a subir na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) de 6,65% no dia 27 de fevereiro. Uma tendência contrária ao andamento do mercado, que há dias amargava forte perdas por causa dos efeitos econômicos da epidemia de coronavírus.

A IRB tinha chegado a confirmar em uma teleconferência realizada antes da abertura do mercado no dia 2 de março a compra de ações por parte da Berkshire Hathaway.

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O presidente do IRB, José Carlos Cardoso, e o diretor financeiro, Fernando Passos, ressaltaram como a Berkshire era já cliente e retrocessionária da resseguradora brasileira. A empresa estadunidense teria aumentado sua posição acionária recentemente.

Além disso, os dois salientaram como a advogada Márcia Cicarelli, representante da Berkshire Hathaway no Brasil, tinha sido indicada no Conselho Fiscal da resseguradora brasileira. Todas essas informações tinham sido divulgadas em exclusividade pelo “O Estado de S.Paulo”.

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Cicarelli atua há mais de 25 anos na área de seguros e resseguros. Ela é sócia do Demarest Advogados, sendo responsável por casos de extrema complexidade. Ela é procuradora do ressegurador eventual Berkshire Hathaway International Insurance Limited no País.

O escândalo que seguiu levou a demissão da diretoria da IRB e a queda das ações na B3, onde perderam cerca de 70% de seu valor em 2 dias.

Recompra de ações suspeita

A IRB realizou um programa de recompra de ações entre os dias 19 e 21 de fevereiro, período em que enfrentava uma turbulência causada por acusações de fraude contábil. Neste período, a empresa adquiriu mais de 7 milhões em ações ordinárias, segundo um documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), atualmente sob análise.

A recompra de ações realizada pela IRB somou R$ 246,4 milhões. Somente no dia 21 de fevereiro, a empresa desembolsou R$ 130,5 milhões para a operação de compra de ativos.

A aprovação do programa aconteceu em 19 de fevereiro pelo Conselho de Administração da IRB. Após o fechamento do mercado do dia anterior, a empresa havia divulgado seu balanço de resultados do quarto trimestre.

Carlo Cauti

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