Irã ameaça sanções se o Brasil não abastecer os navios bloqueados

O Irã ameaçou o Brasil de impor sanções econômicas e bloquear a importação de produtos agrícolas caso os dois navios bloqueados no porto de Paranaguá (PR) não sejam reabastecidos de combustível. A informação foi divulgada pelo embaixador iraniano no Brasil, Seyed Ali Sagaeya, nesta quarta-feira (24).

Em uma entrevista à agência Bloomberg, o diplomata do Irã salientou ter informado as autoridades brasileiras sobre a possível retaliação do governo do país do Oriente Médio. O Irã pede que o Brasil reabasteça de combustível os dois cargueiros iranianos atracados no porto do Paraná.

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Caso isso não aconteça, o embaixador informou que seu país pode procurar novos parceiros para comprar milho, soja e carne. O impacto das sanções poderia afetar a economia brasileira por um valor de até US$ 1,3 bilhão.

Irã grande comprador de produtos brasileiros

Dados fornecidos pelo Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC), indicam como neste primeiro semestre de 2019 o Brasil importou  cerca de US$ 26 milhões em produtos iranianos. Um aumento de 800% quando comparado com mesmo período de 2018. Desse montante, o principal produto a ureia, base para a produção de fertilizantes.

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Neste mesmo período o Brasil arrecadou US$ 1,3 bilhões em exportações agrícolas ao país persa, representando uma alta de 23,85% em relação ao mesmo período do ano passado. O Irã também foi responsável pelas importações 36% do milho e 33% da soja exportadas pelo Brasil nesse primeiro semestre do ano.

Impasse do combustível

O impasse diplomático iniciou há mais de quarenta dias, mas tem ganhado maiores proporções desde o início da semana. A Petrobras se recusou em abastecer dois navios cargueiros que estão ancorados no porto do Paraná. A companhia petrolífera estatal argumenta ter que respeitar as sanções impostas ao Irã pelo governo dos Estados Unidos. Caso abasteça os navios, a Petrobras poderia sofrer ela mesma punições por parte do Executivo de Washington.

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Segundo o embaixador, “o Brasil e Irã são dois países grandes e soberanos, que não devem sofrer interferências de terceiros ou intermediadores”, em referência aos americanos. O diplomata completou dizendo que os dois países devem trabalhar juntos para encontrar uma solução harmoniosa ao caso.

Apesar de um tom mais brando, Sagaeya não descarta a possibilidade de o país envie embarcações para abastecer os dois cargueiros. Entretanto, essa seria uma solução demorada, cara e pouco viável. Além disso, essa decisão poderia afetar as futuras relações entre Brasília e Teerã.

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Na semana passada o presidente Jair Bolsonaro salientou que as sanções aplicadas pelos norte-americanos podem afetar empresas brasileiras. Entretanto, o mandatário salientou estar alinhado neste tema como Washington e informou que as empresas brasileiras já estão sendo avisadas pelo Executivo sobre os riscos de realizar transações com o Irã.

Carlo Cauti

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