Exclusivo: IPO da Saneago não deve mais acontecer em 2020

O IPO (Oferta Pública de Ações, em inglês) da Saneago (Saneamento Goiás), que estava previsto para o mês de fevereiro de 2020, não deve mais acontecer neste ano. De acordo com fontes ouvidas pelo SUNO Notícias, são duas as principais razões para o adiamento: uma série de divergências políticas com a administração e a falta de interesse do mercado no modelo proposto.

Uma fonte com conhecimento do assunto afirmou que a proposta de abrir apenas 49% do capital total da Saneago, mantendo o controle societário da empresa com o estado, desagradou agentes do mercado.

“Acho que a captação ficaria bem abaixo do esperado pelo governo do estado de Goiás”, disse a fonte com conhecimento do assunto, que pediu para não ser identificada. A expectativa era de que a empresa fosse avaliada em R$ 1,9 bilhão.

“Isso porque vender apenas 49% da empresa não é tão interessante para os investidores e agentes do mercado financeiro”, concluiu a fonte. Não há previsão de uma nova data para o IPO, segundo apurou a reportagem.

Caso o governo de Goiás optasse em vender mais de 49%, como foi cogitado pela administração do estado, seria necessário alterar o Estatuto Social da companhia, já que o documento prevê que “o Estado de Goiás deterá sempre mínimo de 51% do capital social, com direito a voto”.

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Além disso, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), também sofre pressão da opinião pública contra a abertura de capital, após o poder público sofrer desgastes consecutivos com a Enel, que comprou a distribuidora Celg em 2016.

Dessa forma, uma outra privatização mal avaliada poderia abalar a imagem de Caiado perante a opinião pública do Estado enquanto o governador está em cruzada aberta contra a Enel.

Ao jornal Valor Econômico, Caiado afirmou que há uma espécie de boicote ao IPO da Saneago vindo da Secretaria Especial de Privatizações do Ministério da Economia, liderada por Salim Mattar.

Segundo Caiado, Mattar chegou a reclamar da maneira como o governador havia criticado a privatização da antiga Celg, alegando que as críticas poderiam manchar a agenda de privatizações do Governo Federal.

Assim, o IPO da Saneago perdeu força e, dessa forma, o governo de Goiás estuda agora qual será a solução para a empresa estatal.

Procurada pelo Suno Notícias, a Saneago não respondeu às solicitações da reportagem até a publicação desta matéria. O texto será atualizado caso a empresa deseje se manifestar.

Vinicius Pereira

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