IPO: crise do coronavírus faz com que ofertas sejam adiadas

O ano de 2020 parecia ser positivo para as empresas que pretendiam abrir o capital na bolsa de valores de São Paulo (B3). Com um número recorde de investidores e o bull market com força, a ideia de captar dinheiro no mercado acionário em um IPO, vendendo uma participação da companhia por um bom preço, parecia ser óbvia.

Mas, não mais que de repente, o coronavírus (covid-19) chegou e arrasou os mercados. O Ibovespa, principal índice acionário do País, despencou 30% apenas em março.

A queda assustou os agentes e também as empresas. Com menos disposição ao risco, 25% dos pedidos de ofertas públicas iniciais de ações (IPO) que já haviam sido registrado neste ano foram adiados até esta quarta-feira (1).

Confira as empresas que já adiaram o IPO:

  • Iguá – Interrompida até: 10/09/2020 – falei
  • Vamos – Interrompida até: 03/12/2020
  • Pet Center – Interrompida até: 17/12/2020
  • Caixa Seguridade – Interrompida até: 03/12/2020
  • All Park – Ainda sem previsão

Segundo especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias, a volatilidade dos mercados dado a incerteza do impacto da crise do coronavírus (covid-19) na economia e a possibilidade de a empresa captar menos dinheiro no mercado fazem com que os IPOs sejam adiados.

“Tivemos uma queda de 40% na Bolsa desde o início do ano, em um ambiente de tamanha incerteza e volatilidade. As pessoas estão vendendo e comprando baseados em pouquíssimas coisas. Ninguém sabe realmente o que está acontecendo”, disse Vandyck Silveira, CEO da Trevisan.

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“Não existe espaço mental para investidores institucionais, que estão em processo de proteção de caixa, de investimentos, analisar novos IPOs. Assim, há menos gente interessada nas ofertas, o que diminui o dinheiro captado pelas empresas”, completou.

Procuradas, as empresas não se manifestaram sobre os adiamentos.

2020 parecia ser ano histórico; quedas adiam IPO

A onda que atingiu o mercado acionário parecia ter ares de brasilidade e ser algo exclusivamente do País. Enquanto os EUA registraram apenas três pedidos de IPO no ano passado, o Brasil ficou com quatro.

O “boom”, porém, veio mesmo neste ano. Nada menos que 20 pedidos de abertura de capital na B3 já foram protocolados até o início de março.

Tudo parecia ser favorável ao mercado acionário brasileiro. Número recorde de pessoas físicas na B3, índices em alta e novas empresas entrando no mercado.

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Os pedidos de IPOs seguiam uma lógica baseada na redução da taxa básica de juros, a Selic, e na expectativa da retomada.

Mas, nos primeiros dias de março, o coronavírus (covid-19) chegou ao Brasil, arrastando o País a uma quarentena, derrubando o consumo e, consequentemente, arrastando a economia para baixo.

A retomada não vai acontecer. Com a frustração, obviamente, o mercado também caiu.

Quedas fazem empresas captar menos

Com tal queda do mercado, as empresas preferem esperar um momento de menos pessimismo no mercado para, dessa forma, captar mais dinheiro à operação.

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“As empresas que estavam planejando ir ao mercado iriam arrecadar bem menos dinheiro. Mas muito mesmo. Então, para os atuais acionistas, não é interessante vender a participação agora”, disse João Arthur Almeida, analista de investimentos do SUNO Research.

Além disso, a queda dos índices também deixaram empresas mais sólidas e com mais tempo no mercado mais baratas, aumentando a competição e diminuindo o hype das novas companhias para com os investidores.

“Tem opções de empresas com histórico maior e mais consolidados, com um valuation mais baixo. Então, esse somatório dos fatores traz essa queda na demanda por IPOs“, afirmou Almeida.

Vinicius Pereira

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