Guerra comercial entre China e EUA trará oportunidades ao Brasil, diz secretário

O secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, afirmou que a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos trará oportunidades ao Brasil. A afirmação ocorreu nesta quinta-feira, em um seminário promovido pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) em São Paulo.

Para o secretário, a guerra comercial pode se transformar em vantagens para o Brasil nos próximos cinco ou dez anos. “Não vamos ter um cenário de conflito muito maior entre os dois, mas haverá ajustes por consequência dessa disputa, mudanças nas parametrizações”, afirmou. “Nesse jogo, o Brasil pode levar vantagens, porque nos interessa muito fazer negócios com a China e seu entorno geográfico”, destacou.

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No seu discurso, Troyjo também tratou da relação Brasil-EUA no momento atual. “Os Estados Unidos continuarão a principal referência em patentes e inovação, e o Brasil precisa clonar, não copiar. Será mais uma oportunidade para darmos as mãos”, apontou.

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De acordo com o secretário, a geopolítica voltou a ter relevância. Além disso, acrescentou que os valores que unem Brasil e Estados Unidos os tornam aliados naturais. “No Ministério da Economia, estamos trabalhando muito as convergências com os EUA.”

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Donald Trump e Jair Bolsonaro

Troyjo declarou que as afinidades da visão de mundo entre os dois chefes de estado facilitaram as relações comerciais entre os países. “Temos dois presidentes com visões de mundo, em tese, semelhantes, e também um contexto internacional que convida para a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos”, disse ele.

De acordo com o secretário, o Brasil perdeu uma grande oportunidade ao não assinar o tratado do ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), que tinha como objetivo reunir os mercados dos países da América. “Tivemos grande oportunidade nos anos 1990, quando você tem a eleição de dois indivíduos que se gostavam muito, FHC e Clinton”, destacou.

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Porém, Troyjo ressaltou que à época a política do comércio internacional do governo dos Estados Unidos não era favorável, com uma forte dependência entre o Executivo americano e o Congresso. “Hoje, ao contrário dos anos 90, quando a química não era sustentada por uma moldura jurídica que ajudasse, isso existe”.

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O secretário diz que atualmente, a relação bilateral deverá avançar no “campo regulatório e na participação do Brasil em esquemas maiores de visão ocidental de mundo, especificamente na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)”, completou.

Renan Dantas

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