Governo projeta crescimento modesto para o crédito em 2019 e 2020

O crescimento do crédito em 2019 e 2020 será moderado. A previsão foi divulgada pelo Ministério da Economia, que indica um ritmo mais intenso de crescimento somente a partir de 2021.

A Secretaria de Política Econômica do ministério prevê um crescimento médio de 4,9% do crédito. Em 2020, a projeção indica uma expansão do estoque de financiamentos bancários de 4,5%.

Essas previsões são incluídas na “grade de parâmetros” orçamentários. Um documento elaborado bimestralmente pela secretaria para subsidiar as projeções de arrecadação pela Receita Federal. Além disso, essa grade contribui para elaborar a previsão de despesas de outras áreas do governo.

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Essas projeções sobre a taxa de expansão dos financiamentos servem também para subsidiar, entre as outras coisas, os cenários para arrecadação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Essa é a primeira vez que a estimativa sobre o crédito é publicada. Outras previsões, como Produto Interno Bruto (PIB) e inflação, eram tornadas públicas nos relatórios, enquanto outras ficavam apenas disponíveis internamente.

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Aceleração a partir de 2021

O ministério da Economia divulgou suas previsões até 2023, indicando um crescimento a partir de 2021. O crédito voltará a se expandir de forma mais intensa somente a partir daquele ano, quando a taxa de crescimento médio chegará a 5,8%. Em 2022 será de 6,6% e chegará até 7,3% em 2023.

Entretanto, essa desaceleração na taxa de expansão em 2020 ante 2019 não significa necessariamente uma perda de ritmo dessa variável econômica. Esse andamento também depende de questões de cálculo estatístico ligados à taxa
de inflação menor esperada para o próximo ano. Assim como por sua composição no momento de projeção, pois no primeiro semestre os índices de preços ficaram mais pressionados.

Alguns métodos econométricos apontavam taxas de crescimento muito superiores daquelas divulgadas pelo ministério. Algumas delas chegavam até 12%. Entretanto, o método da Secretaria realiza uma média ponderada dos modelos, trabalhando de forma conservadora, pois esses valores são utilizados para projetar as receitas do governo.

Banco Central revisou negativamente a expansão do crédito

Em julho, em seu último Relatório Trimestral de Inflação, o Banco Central (BC) revisou para baixo a sua projeção para o crescimento do crédito. Em 2019 o estoque de financiamentos deveria passar de 7,2% para 6,5%.

Segundo o BC, esse cenário contempla um crescimento “sustentado pelas operações com recursos livres”. Nos cálculos da autoridade monetária central, esse saldo total deve ter alta de 11,6%. Para os recursos direcionados, a expansão prevista é de apenas 0,4%.

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Segundo o BC, “esse cenário é compatível com a continuidade do processo de queda na participação dos bancos públicos no total do saldo das operações de crédito”.

O Banco Central também calcula um aumento de 2,5% nas taxas aplicadas para o crédito concedido para as pessoas jurídicas e 7,2% para as pessoas físicas. As projeções “estão em linha com a manutenção de níveis confortáveis de inadimplência e de comprometimento de renda das famílias com serviços financeiros”, informou o Banco Central, que espera que “as principais modalidades de crédito livre (veículos, crédito pessoal e cartão de crédito)” mantenham o ritmo de crescimento.

Carlo Cauti

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