Entenda a baixa de 17% que as ações da Gol acumulam na semana

As ações da Gol (GOLL4) já tiveram desvalorização superior a 17%, desde a abertura do pregão do início da semana. Confira abaixo a cotação da empresa na B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) nos fechamentos desta semana:

  • segunda-feira (10): ações da Gol fecham em queda de 7,02% a R$ 23,71;
  • terça-feira (11): ações da Gol fecham em queda de 2,78% a R$ 23,05;
  • quarta-feira (12): ações da Gol fecham em queda de 1,69% a R$ 22,66.

No último fechamento positivo da companhia aérea, na sexta-feira (10), a cotação do papel foi de R$ 25,50. Enquanto o valor da ação encerrou a 7,41% na sessão, nesta quinta-feira (16), a R$ 20,98.

Desta forma, considerando-se tais valores, as perdas totais no período foram equivalentes a 17,7%.

A queda dos papeis da empresa ocorrem devido a dois motivos principais:

  1. Delação premiada do dono da Gol, Henrique Constantino;
  2. e a nova proposta feita pela Azul (AZUL4) para adquirir ativos da Avianca Brasil, companhia aérea em recuperação judicial.

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Delação premiada do dono da Gol, Henrique Constantino

O juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília, fechou acordo de delação premiada entre o empresário Henrique Constantino, um dos sócios da Gol, e o Ministério Público Federal (MPF).

O magistrado retirou parte do sigilo dos depoimentos na última segunda-feira (13), e parte da delação foi divulgada pela Imprensa. Os principais pontos relatados por Constantino foram:

  1. O empresário mencionou supostos pagamentos a fim de conquistar benefícios na liberação de recursos do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS). De acordo com Constantino, os recursos foram usados para financiar obras de infraestrutura.
  2. Nos depoimentos foram citados o ex-ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, e os ex-deputados chefes da Câmara, Eduardo Cunha (MDB) e Henrique Eduardo Alves (MDB). Todos são investigados, por supostos desvios no fundo, nas operações Sépsis e Cui Bono, da Polícia Federal (PF).
  3. O ex-presidente da República, Michel Temer (MDB) também foi citado em um dos depoimentos. Constantino relatou que participou de uma reunião, em julho de 2012, com Cunha, Alves e o então vice-presidente, Temer. Em tal encontro teria sido solicitado “o valor global de R$ 10 milhões em troca da atuação ilícita de membros do grupo” para a empresa Via Rondon, concessionária de rodovias pertencente ao sócio da Gol.
  4. Constatino revelou ter pago mais de R$ 7 milhões em propina a grupo ligado a Temer. Em troca, a Gol obteve mais de R$ 300 milhões em financiamento da Caixa Econômica Federal (CEF), banco estatal.
  5. O atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), também foi citado. O deputado teria recebido “benefício financeiro” por meio da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear).

Saiba mais – Em delação premiada, dono da Gol acusa Temer, Cunha e Geddel

Nova proposta da Azul para comprar ativos da Avianca

Também na última segunda-feira, a Azul anunciou a nova proposta de compra à Avianca Brasil. A Azul deseja comprar uma Unidade Produtiva Isolada (UPI) da companhia aérea em recuperação judicial por US$ 145 milhões.

Em 11 de março, a Azul teria assinado uma proposta não-vinculante para a aquisição de parte dos ativos da Avianca. A primeira proposta envolvia a criação de uma única Unidade Produtiva Isolada (UPI), a ser vendida pelo valor de US$ 105 milhões.

Todavia, em 3 de abril, a Gol e a Latam entraram na disputa para adquirir partes da Avianca. No plano de recuperação judicial alternativo àquele proposto pela Azul, haveria a criação de sete UPIs. E cada uma das companhias aéreas dariam lances mínimos de US$ 70 milhões por uma UPI.

Na assembleia de credores da Avianca, a proposta de recuperação judicial vencedora foi a segunda, que criaria sete UPIs. O leilão estava agendado para dia 7 de maio, mas foi suspenso pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) em decisão liminar.

A nova proposta da Azul é US$ 5 milhões superior à proposta oferecida pela Gol e pela Latam. A 1ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de São Paulo ainda deve analisar a proposta da companhia aérea.

Amanda Gushiken

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