FMI teme aumento da dívida e pede reforma fiscal global após crise

O vice-diretor gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Mitsuhiro Furusawa, afirmou nesta quarta-feira (8) que a entidade está preocupada com o crescimento da dívida nas economias emergentes e pedirá uma reforma fiscal após pandemia.

Furusawa chamou atenção para a escalada da dívida nesses países em razão dos gastos com estímulos para enfrentar a crise do novo coronavírus. Segundo o diretor do FMI, pela primeira vez na história, a dívida pública global deve ultrapassar o patamar de 100% do Produto Interno Bruto (PIB), após as respostas dos governos para a pandemia.

“Quando a economia voltar aos trilhos, é necessário criar uma estrutura fiscal de médio a longo prazo para gerenciar as finanças públicas adequadamente”, salientou Furusawa, durante painel de discussão virtual.

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“Isso estará entre as principais prioridades de nossas recomendações de política fiscal”, complementou o vice-diretor.

FMI precisa de”ajuste fino” nos instrumentos de empréstimo, diz Georgieva

A diretora-gerente do Fundo, Kristalina Georgieva, também afirmou nesta quarta-feira que o FMI deve aperfeiçoar os instrumentos de empréstimo para países de baixa renda.

Georgieva informou que mercados emergentes sólidos emitiram US$ 124 bilhões (cerca de R$ 662 bilhões) no primeiro trimestre de 2020. Por outro lado, outros com fundamentos mais frágeis não obtiveram fácil acesso ao mercado de capitais.

Saiba mais: FMI indica que muitos países podem precisar de reestruturação da dívida

A economista afirmou que o FMI trabalha com as economias mais desenvolvidas para transferir alguns Direitos Especiais de Saque (SDRs, na sigla em inglês), a moeda especial da instituição internacional, para países mais pobres.

Os SDRs podem ser trocados por moedas de membros do FMI, enquanto seu valor é baseado em uma cesta de cinco dessas dívidas, incluindo o dólar.

O plano inicial de Georgieva foi pedir aos Estados membros que considerassem a emissão de novos SDRs. A medida se assemelharia com um banco central imprimindo dinheiro. O movimento foi apoiado pelo Secretário Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, bem como por outros líderes mundiais.

Os Estados Unidos e outros países, entretanto, instaram a entidade a se concentrar em liberar seu US$ 1 trilhão em empréstimos, antes de tomar a decisão para a medida.

Os empréstimos do FMI são voltados para dar suporte aos países membros na resolução de problemas da balança de pagamentos, assim como estabilização e restauração do crescimento. De acordo com a economista, 72 dessas nações receberam financiamentos de emergência oferecidos pela instituição internacional em meio à pandemia.

Arthur Guimarães

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