Fernão Bracher, ex-presidente do BC, morre aos 83 anos

O ex-presidente do Banco Central (BC), Fernão Botelho Bracher, faleceu aos 83 anos em São Paulo nesta segunda-feira (11).

O banqueiro faleceu por causa de complicações de uma “queda com trauma cranioencefálico” no hospital Albert Einstein. Fernão Bracher tinha caído em sua Fazenda do Pinhal, no interior de São Paulo. Ele estava hospitalizado há uma semana.

Nascido Fernando Carlos Botelho Bracher, ele foi diretor de câmbio do Banco Central entre 1974 e 1979, e chegou a presidir a instituição entre 1985 e 1987. Naqueles anos, a diretoria do BC era composta por André Lara Rezende e Pérsio Arida. Juntos, os economistas participaram da elaboração do Plano Cruzado.

Nascido em São Paulo no dia 3 de abril de 1935, Bracher era filho de Zilah de Arruda Botelho e Eduardo Bracher. Se formou em Direito, pela Universidade de São Paulo (USP), no Largo de São Francisco e se casou em 1957 com a historiadora e psicanalista, Sonia Sawaya. No mesmo ano eles foram morar na Alemanha.

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Começou logo em seguida uma carreira que o levaria para posições de protagonismo no sistema financeiro nacional, nas áreas pública e privada.
De 1961 a 1973 Bracher foi diretor do Banco da Bahia, além de chefiar outras instituições do grupo Mariani Bittencourt. Em 1974 entrou na área externa do Banco Central, durante a presidência de Paulo Hortêncio Pereira Lira, onde ficou até 1979. Em 1980 voltou para o setor privado como vice-presidente da seguradora Atlântica Boa Vista, em seguida unida com o Bradesco. Banco do qual foi vice-presidente a partir de 1985, além de liderar outras empresas do grupo comandado por Amador Aguiar.

Em agosto de 1985 ele se tornou presidente do Banco Central por indicação de Luiz Carlos Bresser-Pereira. Ele permaneceu no cargo até dia 11 de fevereiro de 1987. Nove dias depois, o Brasil declarou a suspensão dos pagamentos dos juros da dívida externa. “Saí porque queria aumentar os juros, e não me deixaram”, afirmou em seguida, relembrando aqueles dias.

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Em 1988 Bracher fundou o BBA Creditanstalt, banco criado com Antonio Beltran em sociedade com o austríaco Creditanstalt. O BBA se tornou em breve o maior banco de investimentos do Brasil. Em 2003, o banco foi absorvido pelo Itaú, criando o Itaú BBA.

Bracher se afastou do banco em 2005, deixando as funções nas mãos do filho Candido, atual presidente do grupo Itaú Unibanco. O banqueiro deixa outros quatro filhos: Beatriz, Eduardo, Elisa e Carlos, além de 15 netos e 3 bisnetos.

 

Carlo Cauti

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