A inadimplência no Brasil cresce no final de ano?

O Brasil vem enfrentando nos últimos anos uma de suas maiores crises econômicas de toda a história. O dólar chegou a bater níveis nunca antes vistos, e o desemprego chegou, em 2019, a 12,5 milhões de brasileiros. Por conta destes fatores, há um pensamento de que, após tantos eventos de incentivo ao consumo (por exemplo, a Black Friday), haja um crescimento na inadimplência no País.

Para entendermos mais sobre a inadimplência neste ano no Brasil, entrevistamos Julio Guedes, Analytics Director da Serasa Experian.

Reaquecimento da Economia

Logo no começo da entrevista Guedes explica o atual ritmo da economia e a importância para resolver o endividamento do País: “A economia parece estar dando sinais de aquecimento novamente, o desemprego tem caído, de maneira pequena, mas apresenta essa tendência inversa, as vendas tem melhorado e, na verdade, a expectativa é de que a inadimplência possa ‘surfar’ nessa onda de boas notícias.”

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“Creio que diferentemente do que estávamos imaginando, de uma inadimplência crescente no final do ano, a expectativa principal é de uma redução na inadimplência por conta destes fatores econômicos. Vemos na Black Friday, por exemplo, que as pessoas acabaram gastando muito mais do que em 2018, as vendas nas lojas mostrando um crescimento de forma bem representativa em comparação com o ano passado e isso dá um aquecimento da economia, com as pessoas tendo mais confiança e, por tabela, trazendo uma melhora dos indicadores.”, completa Guedes.

Melhoria dos scores de crédito devem diminuir a inadimplência

O analytics director da Serasa também ressalta a importância das melhorias das ferramentas para avaliação da inadimplência no Brasil: “Podemos somar isso com as empresas de concessão de crédito que vem se profissionalizando. Ou seja, cada vez mais os scores de crédito, a ferramenta principal para a avaliação da inadimplência, vem melhorando.”

“A partir de janeiro, com a Lei do Cadastro Positivo funcionando para todos os brasileiros, os scores de crédito terão mais dados, melhor performance e conseguirão de fato separar melhor quem irá pagar ou não pagará uma dívida que estará realizando”, salienta Guedes.

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“No fim das contas, vemos que com melhores ferramentas de score, isso vai automaticamente ajudar a reduzir a inadimplência. E com a queda de juros que temos visto, há um impacto menor no bolso do consumidor e, consequentemente fica mais fácil de se pagarem dívidas. Ou seja, é outro indicativo de que a inadimplência tende a cair”, completa o diretor.

Educação financeira é essencial para melhorar o quadro

O diretor argumenta que: “Temos quase 64 milhões de brasileiros com dívidas em aberto, oscilando de 500 mil nomes para mais ou para menos. Há uma regularidade nesse número, que ainda é muito alto. Com o final de ano, o 13º salário e o FGTS, há uma ajuda do governo em injetar mais dinheiro na economia para de alguma forma os brasileiros poderem regularizar suas finanças e, até mesmo, poder fazer novas dividas de forma consciente.”

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“O maior volume de dívidas hoje ainda está no setor financeiro, mas creio que o principal ponto ainda é a falta de educação financeira no País. O brasileiro precisa saber lidar com dívidas, saber quando precisa se endividar mais ou não. Temos que cada vez mais visar a educação financeira para reduzir a inadimplência no Brasil.”, completou Guedes.

Rafael Lara

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