Endividada, Taurus quer diversificar presença internacional para crescer

Com um endividamenteo 6,5 superior à sua geração de caixa, a Taurus quer reforçar a presença no mercado internacional.

Por mais que o decreto assinado nesta semana pelo presidente Jair Bolsonaro tenha flexibilizado a posse de armas, a Taurus não vê saída senão investir em outros mercados. “O Brasil é um mercado pequeno e uma indústria de armamentos não se viabiliza apenas no país”, disse o presidente executivo da Taurus Armas, Salesio Nuhs, ao jornal O Estado de S. Paulo. “Temos de pensar numa Taurus globalizada”.

Apostar no mercado fora do Brasil tem sido uma boa escapatória. Na última Black Friday, a Taurus teve sucesso numa ação promovida nos Estados Unidos. A fabricante brasileira montou um estoque e promoção especiais com um de seus produtos mais bem sucedidos comercialmente, a pistola 9mm Hammer. O resultado foi o aumento de 25% nas vendas, em relação a 2017.

Os números da Taurus explicam em partes a falta de interesse no mercado nacional, mesmo que especialistas considerem uma demanda reprimida no interior do País. A fabricante exporta 84% de sua produção. Por isso, ela quer diversificar a presença internacional e, então, depender menos do mercado americano.

É nos Estados Unidos, aliás, que a Taurus está fazendo novos aportes. Ela vai mudar sua fábrica da Flórida, aberta na década de 1980, para a Geórgia. A operação vai custar US$ 42 milhões, uma parceria com o governo local que aumentará sua capacidade em solo americano em 50%. “Os Estados Unidos importam US$ 1 bilhão em armas anualmente”, diz Nuhls. Segundo ele, a Taurus é a quarta marca mais vendida por lá.

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Problemas financeiros

Apesar disso, a Taurus não vai bem financeiramente. A fabricante tem um endividamento 6,5 superior à sua geração de caixa. Além disso, ela tem um patrimônio líquido negativo. Isto é, não conseguiria quitar as suas dívidas nem se vendesse 100% de seus ativos.

A Taurus também não se deu bem na bolsa nos últimos dias, quando viu o valor de seus papéis despencar 41% em dois dias após o decreto assinado por Jair Bolsonaro. O resultado foi uma mistura de expectativas não atendidas com a realização de ganhos especulativos e um balanço que não sustenta a empresa no longo prazo.

 

Guilherme Caetano

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