Dólar abre em forte alta e ultrapassa R$ 5 pela primeira vez

O dólar abriu, nesta quinta-feira (12), em forte alta e superou a marca de R$ 5 nominal pela primeira vez na história.

Por volta das 09h15, a moeda norte-americana apresentava uma alta de 6,29%, sendo cotada a R$ 5,0155. O temor pelo avanço do coronavírus (Covid-19) e sua influência na atividade econômica global impactam a cotação do dólar.

Além disso, os investidores demonstram pessimismo após o Congresso Nacional derrubar o veto do presidente Jair Bolsonaro ao Projeto de Lei 3.055/97, o que pode elevar os custos públicos pelos próximos 10 anos, desidratando a reforma da Previdência.

Pandemia

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou na última quarta-feira (11) o coronavírus uma pandemia. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, tinha afirmado na semana passada que os epidemiologistas da organização estavam monitorando constantemente o desenvolvimento da doença.

Segundo a organização internacional, atualmente há mais de 118 mil casos em 114 países, com 4.291 pessoas que já morreram por causa da epidemia.

“A descrição da situação como uma pandemia não altera a avaliação da OMS da ameaça representada por esse vírus. Isso não muda o que a OMS está fazendo, nem o que os países devem fazer “, declarou Ghebreyesus.

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“Pandemia não é uma palavra para ser usada de maneira leviana ou descuidada. É uma palavra que, se mal utilizada, pode causar medo irracional ou aceitação injustificada de que a luta acabou, levando a sofrimento e morte desnecessários”, disse o diretor.

Segundo a OMS, os casos de infectados e o número de mortes nos países atingidos poderia aumentar nas próximas semanas. Nos últimos 15 dias, o número de casos de coronavírus fora da China aumentou 13 vezes, enquanto o número de países afetados triplicou.

Restrição de viagens aos EUA

O presidente dos estadunidense, Donald Trump, informou, na última quarta-feira (11), que as viagens de países europeus aos Estados Unidos estão suspensas por 30 dias. A medida de contenção tomada pela Casa Branca é motivada pelo avanço dos casos do coronavírus.

Após o discurso de Trump, o Departamento de Segurança Nacional publicou uma nota dizendo que as novas normas valem para estrangeiros que estiveram nos 26 países da Zona Schengen nos 14 dias anteriores à tentativa de volta aos Estados Unidos.

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Trump, em seu pronunciamento, salientou que o Reino Unido não entra na medida tomada pelo governo. Além disso, as restrições não se aplicam a quem possui residência fixa nos Estados Unidos e “parentes imediatos” no país norte-americano.

O Departamento de Estado estadunidense emitiu um aviso aconselhando os cidadãos a repensarem suas viagens marcadas ao exterior devido ao risco de infecção. A autarquia salientou que as medidas tomadas se estendem ao transporte de mercadorias. Até a noite da última quarta-feira, mais de mil casos já haviam sido confirmados nos Estados Unidos. 36 pessoas morreram.

P/L 3.055/97

A queda do Ibovespa e a alta do dólar no after-market da última quarta-feira (12) foi provocada pela votação no Congresso, que derrubou o veto do presidente Bolsonaro ao Projeto de Lei 3.055/97.

O texto previa o aumento de um quarto do salário mínimo para meio salário mínimo no limite da renda familiar per capita para idosos e pessoas com deficiência para ter acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). O número de votos a favor da derrubada do projeto chegou a 137.

A medida terá um impacto de R$ 217 bilhões nas contas públicas em dez anos. Uma redução de cerca de 20% no impacto fiscal da reforma da Previdência, aprovada em 2019. Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, a queda do veto pode significar o fim do teto de gastos.

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O Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), salientou como a derrubada de veto é uma decisão equivocada. E chega em um dia de forte nervosismo nos mercados.

“De fato, o impacto é grande, num momento difícil. Num momento em que economia brasileira começa a dar sinais de que não vai crescer aquilo que estava projetado no início do ano, num dia da decisão da OMS de decretar pandemia, com as bolsas caindo muito, com nervosismo muito grande dos atores econômicos”, declarou o político.

Última cotação do dólar

Na última sessão, na quarta-feira, o dólar encerrou o pregão em alta de 1,614, cotado a R$ 4,7207 na venda.

Jader Lazarini

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