Fusão da Oi com a Portugal Telecom é investigada pela CVM

A Comissão de Valores Imobiliários (CVM) investiga a fusão das empresas Oi e Portugal Telecom, que ocorreu em 2013. A autarquia identificou aumento de capital da companhia, segundo apuração da Folha.

No entanto, a fusão das empresas é justificada pela pretensão de criar uma supertele transnacional, com atuação no Brasil, Portugal e África, de acordo com a Oi e a Portugal Telecom.

A fusão é vista por minoritários como um empurrão para o pedido de recuperação judicial da Oi, que ocorreu em 2016, quando a companhia tinha uma dívida de R$ 65 bilhões.

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As acusações

Dentre os supostos envolvidos e acusados pela CVM, estão:

  • Eurico Teles (presidente e diretor jurídico da Oi)
  • 8 sócios e 28 executivos e conselheiros da Oi, que estiveram na empresa durante os processos
  • Pharol (novo nome da Portugal Telecom)
  • BNDESPar (braço de participações do BNDES)
  • fundos de pensão dos empregados do BB (Previ)
  • fundos de pensão dos empregados da Petrobras (Petros)
  • fundos de pensão dos empregados da Caixa (funcef)
  • Andrade Gutierrez (multinacional brasileira de negócios variados)

Teles liderou a negociação com credores.

A CVM acusa a Oi e seus sócios de violação de deveres fiduciários, a tomada de decisões que não representam os melhores interesses dos acionistas na fusão.

Como a fusão envolveu a transferência de ativos das duas empresas para uma nova companhia, as irregularidades no processo de aumento de capital realizado em 2014, justifica os executivos e conselheiros investigados.

Minoritários acusam os portugueses de aportar ativos superavaliados, como concessões na África, e passivos com vencimento no curto prazo.

Parte destes ativos eram de títulos de empresas do próprio grupo que geria a Portugal Telecom, o grupo Espírito Santo. O valor do aporte da empresa portuguesa na operação foi reduzido após o grupo Espírito Santo pedir falência.

Então, a Portugal Telecom foi vendida à companhia francesa Altice, e seus controladores permaneceram na Oi por meio do veículo de investimentos Pharol.

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Os inquéritos foram iniciados por pedido dos minoritários, que também requisitaram investigação para o Ministério Público Federal (MPF) e à Polícia Federal (PF).

“Em última análise, foi a fusão que levou a Oi à recuperação judicial”, constatou Aurélio Valporto, da Associação dos Investidores Minoritários.

A Oi obteve danos de R$ 1,3 bilhão no 3º trimestre de 2018, em meio ao processo de recuperação judicial. No acumulado, a dívida total era de R$ 10,976 bilhões.

Amanda Gushiken

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