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Credores da Odebrecht propõem plano de reestruturação da dívida

Um grupo de credores internacionais da Odebrecht apresentou uma proposta de reestruturação da dívida. Segundo a proposta, divulgada nesta segunda-feira (4), os credores teriam mais de US$ 3 bilhão em bônus da empreiteira (cerca de R$ 11,11 bilhões).

A proposta de reestruturação da dívida da Odebrecht inclui uma extensão da maturidade por mais quatro anos. Além disso, os juros acumulados seriam pagos apenas em 2021. Dessa forma, o caixa da empreiteira seria preservado. Mas, ao mesmo tempo, não haveria redução no principal e nem diluição de capital.

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A proposta também inclui uma melhoria do pacote de garantias. Entre elas, a proibição de distribuição de dividendos e outras formas de retorno de capital até que os títulos da dívida tenham sido totalmente amortizados.

O grupo credor também exige uma injeção imediata de US$ 375 milhões pela holding Odebrecht SA na Odebrecht Engenharia e Construção (OEC). A OEC é a garantidora dos títulos

Além disso, alguns ativos da Odebrecht, como ações da Braskem, seriam colocados como garantia. Entretanto, a proposta chega no momento em que a Odebrecht negocia a fusão da Braskem com a europeia LyondellBasell. 

Mas a Odebrecht  também já colocou sua participação na petroquímica como garantia da dívida bancária do grupo. Principalmente com bancos brasileiros que reúnem a maior parte do endividamento da empresa

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Em nota, a Odebrecht informou que a proposta divulgada nesta segunda “não tem sido objeto das discussões entre a companhia e seus o credores e não tem o apoio da companhia”.

Além disso, a empreiteira considerou que a “proposta divulgada não é viável”. A empresa salientou que está finalizando uma proposta de reestruturação abrangente que atenderia “de forma adequada as necessidades da companhia no curto e no longo prazos”.

Juros não pagos

Em novembro de 2018, a subsidiária do grupo OEC informou que iria reestruturar a dívida. A informação foi divulgada depois que a empreiteira não pagou os juros de US$ 11,4 milhões sobre títulos vencidos há 30 dias.

Os bônus tinham sido emitidos pela Odebrecht Finance, mas garantidos pelo fluxo originado pelos resultados da OEC. Além desse valor, há apenas US$ 150 milhões em dívidas bancárias.

O plano da Odebrecht seria de reestruturar a integralidade dos títulos externos, que totalizam US$ 3 bilhões.

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A Odebrecht contratou a Moelis & Company como assessor financeiro. O escritório será responsável pelo dialogo com os investidores desses papeis.

Quatros grandes fundos, Alliance Bernstein, Fidelity, BlackRock e Gramercy, se organizaram para as negociações. Eles respondem por cerca de 40% do volume de todas as emissões de títulos da Odebrecht. Esses investidores contrataram o Rotshild para a negociação da reorganização das dívidas da empreiteira.

A alavancagem da Odebrecht passou para cerca de 10 vezes neste ano. A receita da empresa deverá ser cerca de US$ 2,5 bilhões e o Ebitda entre US$ 250 e US$ 30o milhões.

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Em 2013, no auge de sua atividade e apenas um ano antes do começo da operação Lava Jato, a Odebrecht tinha uma receita de US$ 15 bilhões e um Ebitda de cerca de US$ 1,5 bilhão.

Plano de reestruturação

Desde 2016, a empreiteira executa um programa de vendas de ativos voltado para o pagamento de sua dívida. A meta de venda estipulada é de R$ 12 bilhões, sendo que R$ 7,4 bilhões já foram concluídos. Desde então R$ 10 bilhões de dívidas já foram pagos.

No final de 2017, o valor total da dívida total da Odebrecht era de R$ 90 bilhões. Entre os principais credores da construtora, os bancos representam uma dívida de cerca de R$ 30 bilhões.

Carlo Cauti

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