Coronatraders: como o coronavoucher criou novos traders em Wall Street

O mercado financeiro dos Estados Unidos está conhecendo um novo fenômeno em época de coronavírus (covid-19): os Coronatraders. Especuladores que estão usando o coronavoucher fornecido pelo governo de Washington para operar em Wall Street.

Uma nova geração de traders descobriu as potencialidades do trading nos mercados financeiros graças ao auxílio emergencial criado pelo Executivo do presidente Donald Trump. Uma ajuda de US$ 1.200 (cerca de R$ 6.500) em uma única parcela como helicopter money e mensalidades de US$ 600 como auxílio desemprego. Algo muito parecido com o coronavoucher criado no Brasil pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.

Só que diferentemente do Brasil, onde esse dinheiro é utilizado em quase sua totalidade para a sobrevivência da população mais pobre, os norte-americanos decidiram usar esses recursos para tentar especulações na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE).

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Algo muito parecido com o que ocorre nos cassinos de Las Vegas – agora fechados por causa da pandemia – tanto que muitas corretoras estão comparando esses traders a jogadores de Black Jack, já que estão comprando ações como se fossem cartas em um baralho. E assim como em frente ao croupier, eles tem a enorme ambição de ganhar toda a aposta na mesa. Mas podem perder também todo seu capital.

Coronavoucher impulsiona novos traders

Os números divulgados pelas plataformas de trading on line dos EUA mostram esse cenário de crescimento exponencial de pessoas que misturam o trading ao betting.

Há um ano, os usuários da WallStreetBetz, uma das plataformas mais conhecidas do setor eram 577 mil. Hoje se multiplicaram chegando até 1,3 milhão.

Segundo o fundador da WallStreetBetz, Jaime Rogozinki, esses traders “não sabem o que estão fazendo e não se preocupam de saber o que estão fazendo”. “Não estão analisando os balanços das empresas que compram. O único objetivo é se divertir”, explicou ao “The Wall Street Journal”.

Essa nova geração de traders està apostando o dinheiro que recebeu com as políticas fiscais do governo federal dos EUA. Com o resultado que os mercados estão sendo duplamente drogados: em primeiro lugar pelas políticas monetárias expansivas dos Bancos Centrais e, em seguida, mesmo se com proporções diferentes, pelo uso dos coronavoucher que muitos beneficiários estão gastando na Bolsa de Valores.

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A expansão do fenômeno aparece também nos dados da RobinHood broker, criada em 2014. A corretora tem como missão “roubar aos ricos para dar aos pobres”, não aplicando comissões sobre as operações de trading.

Segundo a corretora, entre os papeis mais populares entre esses coronatraders estão:

  • Amazon
  • Apple
  • Testa

provavelmente pela grande eco midiática que essas três empresas têm no mundo inteiro.

Mas estão entre as ações favoritas também aquelas de empresas em graves dificuldades financeiras. Entre as quais a locadora Hertz, que apresentou um pedido de recuperação judicial no dia 22 de maio.

No dia 21 de fevereiro suas ações valiam US$ 21, desmoronando no dia 26 de maio para US$ 0,50, se tornando penny stocks. Considerado um papel defunto, surpreendeu os mercados e conseguiu se despertar e chegou até US$ 5. Mesmo com uma elevada volatilidade, condição essencial para que os coronatraders possam prosperar, o a Herz estava cotada por volta de US$ 2 por ação. Quatro vezes mais do que sua mínima.

A parte surreal dessa história é que a locadora pediu para o juíz da recuperação a possibilidade de realizar um follow-on de US$ 1 bilhão, contra uma dívida de US$ 17 bilhões. O magistrado acatou o pedido.

Isso significa que quem comprará as novas ações da Hertz enfrentará o risco concreto de perder tudo. Mas para os coronatraders não importa. Para a nova geração de operadores de Wall Street, que considera Nova York o novo deserto do Nevada, é justamente essa a graça.

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O calafrio que passa entre o medo de perder tudo em um segundo e a possibilidade de multiplicar milagrosamente a própria riqueza. Usando os coronavoucher. E agradecendo o presidente Trump.

Carlo Cauti

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