Coronavoucher reduziu a pobreza em 23%, segundo FGV

O Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social) divulgou um estudo nessa sexta-feira (9) apontando que o auxílio emergencial, apelidado de coronavouchercooperou para queda temporária da pobreza no País. Os dados mostraram que, até o oitavo mês desse ano, 15 milhões de brasileiros saíram da linha da pobreza, representando um decréscimo de 23,7% em comparação com o ano passado.

Vale lembrar que o coronavoucher foi criado frente aos impactos caudados pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19) com o  objetivo de apoiar trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados, durante esse período.

Após a divulgação da pesquisa “Covid, Classes Econômicas e o Caminho do Meio: Crônica da Crise até Agosto de 2020″, o coordenador do estudo, Marcelo Neri, destacou que o Brasil ainda contabiliza 50 milhões de pobres, ou seja, o nível mais baixo de toda a série estatística.

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“Em toda a série estatística a pobreza nunca esteve num nível tão baixo, são 50 milhões de brasileiros. A queda foi realmente inédita, de acordo com as séries estatísticas”, apontou.

O estudo considerou como pobreza uma renda domiciliar per capta de até meio salário mínimo, o que equivale a R$ 522.50.

Separando as regiões brasileiras, a pesquisa mostrou que a pobreza caiu cerca de 30,4% no Nordeste  e 27,5% no Norte. A região Sul, por sua vez, teve redução de 13,9%, ao passo que no Sudeste a queda foi de 14,2% e no Centro-oeste de 21,7%.

Em contrapartida, o coordenador afirmou que “houve uma queda de renda de 20%. O índice de Gini teve um aumento muito forte, que é o índice de desigualdade. A renda do trabalho da metade mais pobre caiu 28%. Então guarda um certo paradoxo na pesquisa. As rendas de todas as fontes tiveram um aumento espetacular, principalmente na base da distribuição, enquanto a renda do trabalho, que deveria ser a principal renda das pessoas, teve uma queda igualmente espetacular, especialmente também na base da distribuição. O que explica esse paradoxo é a atuação do auxílio emergencial, que atingiu no seu pico com 67 milhões de brasileiros”.

Nesse sentido, Neri reforçou que a diminuição da pobreza é temporária, e pode ser revertida com o fim do coronavoucher.

“O boom social ocorrido em plena pandemia é surpreendente, mas enseja uma preocupação, porque a sua principal causa, que é o auxílio emergencial, generoso, que foi concedido, ele cai à metade agora em outubro, e depois é totalmente extinto em 31 dezembro. Então, a nossa estimativa é que esses 15 milhões que saíram da pobreza vão voltar à velha pobreza de maneira relativamente rápida. Isso equivale a cerca de meia Venezuela em termos populacionais”, explica.

Guedes descarta a possibilidade da prorrogação do coronavoucher

Cabe lembrar que o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, negou na última quarta-feira (7) os rumores referentes à possibilidade de ocorrer a prorrogação da concessão do auxílio emergencial para o próximo ano.

Ao falar sobre o benefício, o ministro declarou que “tem um plano emergencial e o decreto de calamidade que vão até o fim do ano. E no fim de dezembro acabou tudo isso”.

Além disso, Guedes ressaltou que “o ministro da Economia está descredenciando qualquer informação de que vai prorrogar” o coronavoucher.

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Laura Moutinho

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