Coronavírus: por que na Europa tem gente destruindo torres do 5G

A última torre de transmissão do 5G foi destruída perto do hospital de Birmingham, no Reino Unido. Uma antena colocada próxima de um hospital de emergências utilizado para enfrentar o coronavírus (covid-19).

A infraestrutura foi queimada por seguidores da teoria da conspiração de que o coronavírus seria causado por antenas 5G. Uma tese tão bizarra quanto amplamente divulgada nas redes sociais. Mas que agora está se transformando em uma verdadeira onda de terrorismo generalizado em toda a Europa, mas principalmente no Reino Unido.

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Cerca de quarenta torres de transmissão do sinal 5G foram queimadas nas últimas semanas: cerca de vinte foram atacadas apenas no fim de semana da Páscoa. Em Londres, três adolescentes foram presos sob a acusação de incêndio doloso.

Enquanto isso, dezenas de funcionários que trabalham para empresas de telefonia sofreram ataques físicos ou verbais e receberam ameaças de morte por parte de pessoas que acreditam nessa teoria.

Teoria ligaria o 5G ao coronavírus

Os seguidores dessa bizarra teoria da conspiração argumentam que Wuhan, a cidade chinesa epicentro da pandemia de coronavírus, foi uma das primeiras no mundo a instalar as antenas 5G.

Segundo a tese, a radiação emitida pelas antenas enfraqueceria o sistema imunológico, inibindo o fluxo de oxigênio pulmões. Entretanto, uma versão mais extrema afirma que o coronavírus não existiria de verdade, mas seria apenas uma cobertura inventada pelos governos para mascarar outras doenças provocadas pelo 5G.

Loucura total, é claro. Mas essa teoria está encontrando cada vez mais seguidores. Até graças a celebridades. Por exemplo, Amanda Holden, apresentadora do Britain’s Got Talent, escreveu no Twitter uma petição que relacionava o vírus ao 5G.

No entanto, apesar das muitas pesquisas realizadas, até agora nenhum estudo demonstrou cientificamente que o 5G, dentro dos limites máximos estabelecidos por lei (61 volts/metro na União Européia), seja prejudicial para a saúde humana.

A teoria foi repetidamente refutada pelos principais órgãos internacionais responsáveis por esse setor. Entre eles, a Comissão Internacional de Proteção contra Radiação Não-Ionizante (Icnirp), que no mês passado publicou suas últimas diretrizes sobre campos eletromagnéticos (“em muitos casos, muito cautelosos”).  Após um estudo de sete anos, o Icnirp salientou não ter encontrado nenhuma evidência a esse respeito.

Para tentar conter o pânico provocado por essa teoria descabida o YouTube prometeu remover os vídeos que propagam essa falsa ligação com o 5G. Enquanto isso, a teoria está se espalhando nas mídias sociais, graças a auto-nomeados”especialistas” que sugerem como atacar as antenas 5G.

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No entanto, as crenças mais obstinadas não conhecem argumentos. Nem mesmo quando está claro que o coronavírus já se espalhou para (quase) todas as áreas do mundo, independentemente do número de antenas 5G presentes.

Para piorar, até o controverso tabloide britânico Daily Star chegou a publicar no dia 24 de março um artigo intitulado: “As redes Wi-Fi 5G podem atuar como um acelerador da doença”. Pena que era simplesmente um resumo das declarações de ativistas anti-5G  entrevistados, certamente não uma análise séria da situação.

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Três dias depois o título foi alterado para “Coronavírus: ativistas afirmam de maneira bizarra que o 5G poderia atuar como um acelerador da doença”. Mas já era tarde demais. Assim, de compartilhamento em compartilhamento nas redes sociais, os ataques contra as antenas se multiplicaram.

O problema é que, nesses tempos de quarentena no mundo todo, as comunicações telefônicas são extremamente valiosas. Pois junto com o sinal da internet também é interrompido o sinal telefônico. E as pessoas que não podem estar próximas de seus familiares por causa do coronavírus acabam nem podendo ligar para eles. Graças a aqueles que, a mídia europeia, já está chamando de “covidiotas”.

Carlo Cauti

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