Balanços da semana

Por que o coronavírus vai manter os juros em zero por muitos anos

O novo coronavírus (covid-19) acabou infectando até os Bancos Centrais de muitos países, ajudando a espalhar o “vírus” das taxas de juros zero – ou até negativas – mundo afora.

Na verdade, a tendência de oferecer dinheiro a custo zero ou negativa começou bem antes de 2020. Mas a pandemia desse ano exacerbou as políticas monetárias expansionistas e as medidas não convencionais, como o “quantitative easing“.

Os balanços do Federal Reserve (Fed) e do Banco Central Europeu (BCE), assim como as dos bancos centrais da China e do Japão, mostram esse crescimento. Juntos eles valem US$ 26,3 trilhões (cerca de R$ 130 trilhões).

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E isso está começando a amedrontar os mercados, que estão buscando uma estratégia de saída, por causa das inevitáveis ​​repercussões que essa avalanche monetária terá no mundo dos investimentos.

Com o tempo, o impacto negativo dos efeitos colaterais dessas políticas monetárias ultra-expansionistas nos balanços dos bancos, fundos de pensão e seguradoras aumentará. Pois a rentabilidade dessas instituições está diretamente ligada com a taxa de juros.

Isso resultará em uma abordagem gradual das taxas de juros de negativas para pelo menos 0%. E quem hoje está em zero, deveria subir lentamente.

Mas mesmo se o mercado considera necessário aumentar as taxas de juros, o ceticismo entre os operadores permanece. Isso pois os riscos ligados a esse “tapering” são elevados, economicamente e também sob um perfil político-social.

O que é preciso para que as taxas de juros voltem positivas?

Em primeiro lugar é necessário que a economia volte a crescer antes que os Bancos Centrais cogitem aumentar os juros. Além disso, o horizonte das previsões de aumento das taxas chega até 2025, em média.

Além disso, a dívida pública elevada acumulada pelos países do mundo inteiro em anos de pandemia também sofreria um impacto dramático caso os juros subam.

E, por último, o contexto internacional caracterizado pelos efeitos negativos das tendências demográficas gera um crescimento estruturalmente mais contido, com taxas de inflação muito baixas, se não até deflação.

Por isso, o custo do dinheiro ainda estaria destinado a se manter em níveis baixos.

Se a economia continuar estagnada mesmo após o fim da crise do coronavírus, as taxas de juros negativas poderiam permanecer em vigor na zona do Euro, Japão, Suíça e Dinamarca. o Fed e o Banco da Inglaterra poderiam aumentá-la somente em alguns programas.

Mas, se a economia continuar se contraindo, até os Bancos Centrais dos Estados Unidos e do Reino Unido poderão continuar nessa trajetória de taxas de juros zero ou negativas.

Caso isso ocorra, é muito provável que as instituições internacionais atuem para evitar efeitos colaterais, como a acumulação de liquidez em grande escala por parte de sociedades financeiras, fundos de pensões e seguradoras, como intervenções regulatórias sobre investimentos e ativos alternativos, como as criptomoedas. Isso tudo para evitar bolhas especulativas.

O que parece certo no mercado é que as taxas de juros zero ou negativas ainda acompanharão os investidores por muito tempo. Ou, como já ocorreu no Japão desde o começo dos anos 1990, até de forma definitiva.

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Carlo Cauti

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