Confira quais ações podem se beneficiar com os cortes da Selic

Na última quarta-feira (30), o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu cortar mais uma vez a taxa básica de juros (Selic). Agora em 5,0%, a principal métrica macroeconômica do País está em sua mínima na série histórica.

Selic significa Sistema Especial de Liquidação e Custódia. Desde que foi estabelecida, em 1º de julho de 1996, a taxa serviu como uma ferramenta monetária para o Banco Central (BC) controlar a inflação e reger as movimentações das instituições bancárias, uma vez que o Certificado de Depósitos Interbancários (CDI) tem como base a Selic.

Chegando a ser 45% a.a. em 1999, a taxa básica de juros, há três anos, era de 14%, um patamar alto comparado ao cenário internacional, como os juros negativos estabelecidos pelos bancos centrais europeus.

Confira: Banco Central corta Selic em 0,50%; taxa fica em 5% ao ano

Os seguidos cortes foram possíveis devido a uma série de fatores simultâneos, como a inflação controlada, dentro da meta estabelecida pelo governo, além da volta da recuperação econômica, mesmo que desacelerada, após um breve período de recessão.

A importância da taxa Selic e sua influência

A taxa básica de juros é o motor para que o País arrecade recursos. Para construir estradas, hospitais, escolas e investir na segurança, o governo emite Títulos Públicos. O Tesouro Selic, investimento mais seguro do Brasil, por exemplo, é atrelado exclusivamente à taxa de juros.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240-Banner-Home-3.png

Além disso, como instrumento de política monetária, quando há distorções na oferta e demanda no mercado, em decorrência de fatores internos ou externos, fazendo com que a inflação saia do controle e exceda a meta, é factível que o governo volte a aumentar a Selic para amenizar o ritmo do consumo da população.

Por outro lado, o BC pode baixar os juros para estimular o consumo, por consequência, a economia. Proporcionando financiamentos favoráveis às empresas e beneficiando a renda variável, já que as companhias demonstram maior interesse por abrir capital na Bolsa de Valores.

Saiba mais: Fiat e dona da Peugeot anunciam acordo preliminar de fusão

Segundo João Arthur Almeida, especialista em renda variável da Suno Research, a tendência de cortes da taxa se perpetuará até que a inflação não volte a crescer e enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) não reage.

Dessa forma, com a Selic em queda desde meados deste ano, algumas empresas listadas na B3 podem ser beneficiadas pela tendência macroeconômica.

Confira três das companhias que poderão ser influenciadas pela menor taxa básica de juros.

MRV

De acordo com Almeida, as empresas que possuem a necessidade de capital intensivo para suas operações tendem a ser beneficiadas pela queda de juros. Isso acontece porque o custo para financiamentos é mais baixo.

O setor de construção civil é uma das que se encaixam neste parâmetro. Dentre as maiores empresas, uma das cotadas na bolsa é a MRV (MRVE3).

A companhia sediada em Belo Horizonte, Minas Gerais, atua em aproximadamente 150 cidades. A incorporadora e construtora destina sua atenção ao programa Minha Casa Minha Vida.

Veja também: Fed corta taxa de juros dos EUA pela terceira vez consecutiva

Além disso, a empresa acredita que sua diversificação geográfica é importante para mitigar o risco de ser prejudicada por mudanças de legislação em um município ou estado específicos.

Algumas das vantagens competitivas da companhia são o processo de construção de seus empreendimentos é padronizado, o que faz com que os custos sejam diminuídos e as obras sejam executadas mais rapidamente.

Na última sexta-feira (1), as ações ordinárias da MRV finalizaram o pregão na B3 com uma alta de 3,75%, sendo cotadas a R$ 18,25.

Taesa

O setor de energia elétrica também se favorece dos cortes da Selic. A Taesa (TAEE11), por exemplo, é uma empresa que, devido a seus baixos custos de financiamento e investimento em capital (CAPEX), poderá usufruir da taxa de juros na mínima histórica.

Segundo Almeida, as novas debêntures emitidas pela empresa, com o prazo de 25 anos, no valor de R$ 508,96 milhões, representa a confiança do setor no longo prazo.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240_TEXTO_CTA_A_V10.jpg

Além disso, a empresa revelou que irá investir entre R$ 1,67 bilhão e R$ 1,83 bilhão até o final de 2020. A transmissora de energia também prevê um incremento de receita de R$ 372 milhões entre os anos de 2020 e 2022.

As units da Taesa, ao final das atividades da bolsa na última sexta, estavam sendo cotadas a R$ 28,66 após uma desvalorização de 0,76% naquele dia.

Rumo Logística

A Rumo Logística (RAIL3), do grupo Cosan, é a maior operadora ferroviária do Brasil. Segundo Almeida, a empresa “se beneficia emitindo dívida a juros mais baixos. Dessa forma, o retorno ao acionista se torna maior”.

Da mesma forma que a Taesa, a Rumo anunciou em setembro que iria realizar uma oferta pública de distribuição de debêntures simples, não conversíveis em ações, em até duas séries, atingindo, inicialmente, o montante de R$ 1 bilhão.

Saiba mais: Confira cinco dicas para começar a investir na Bolsa de Valores

De acordo com a companhia, os recursos captados terão como destino as suas subsidiárias Rumo Malha Sul, com R$ 203 milhões, e a Rumo Malha Central com o restante.

Nos últimos 12 meses, as ações da Rumo apresentaram uma valorização de 37,27%. Na última sexta, estavam sendo cotadas a R$ 22,91.

Para investir melhor em tempos de Selic cada vez menor, acesse o site da Suno Research e confira nossos relatórios.

Jader Lazarini

Compartilhe sua opinião