FGV: Classes A e B voltam a subir e representam 14,4% da população

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV) Social, o número de famílias ricas e da classe média mais alta (A e B) voltou a crescer, enquanto as classes menos favorecidas (D e E) mostram-se instáveis. Os dados foram levantados pelo economista Marcelo Neri.

De acordo com o especialista da FGV, 14,4% da população brasileira fazia parte das classes A e B em 2018. Isso representa 30 milhões de pessoas. Já em 2017, a proporção era menor, de aproximadamente 13,6% da população. As classes mais abastadas possuem renda domiciliar per capita superior a R$ 8.159. As informações foram obtidas pelo jornal “Valor Econômico”.

“A figura em nosso imaginário de classe média dos EUA e da Europa, de casa, dois carros, dois filhos e dois cachorros, é representada por aqui pelas classes A e B. Essa, que seria a classe média tradicional, voltou a crescer, o que é uma boa notícia”, afirmou Neri, especialista da mobilidade social brasileira há décadas.

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Para chegar aos números, o economista utilizou informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do rendimento de todas as fontes (salários, aposentadorias, aluguéis, programas sociais) do ano passado, recentemente divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O critério de corte é da FGV Social e não existe uma linha oficial.

O recente desenvolvimento do topo da pirâmide econômica do Brasil pode ser explicado, em parte, por seu maior nível educacional. Dados da FGV Social demonstram que a escolaridade média nas classes A e B é 13,2 anos, frente a 8,7 da média geral da população. Os dados consideram pessoas a partir de 25 anos de idade.

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“Os mais escolarizados não são necessariamente os primeiros a serem contratados ou demitidos. Mas, em todo esse período de crise e tentativa de saída dela, foi particularmente forte para os mais escolarizados”, explica. “A taxa daqueles que fazem educação executiva (MBAs) nas classes A e B é cinco vezes maior que a média.”

FGV aponta crescimento das classes mais altas

Além disso, as classes A e B podem ter sido favorecidas por abrigarem o maior número de empregadores, ou seja, de comerciantes e empresários. Em épocas de crise e recessão, o lucro das empresas costuma a se recuperar em um ritmo melhor ante o desemprego instaurado.

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Nas classes altas, o empreendedorismo abrange 12,9% das pessoas, enquanto na população geral representa uma taxa de apenas 4,8%.

No entanto, a recuperação da renda se dá de maneira desequilibrada. As classes D e E não diminuíram em 2018. Segundo os cálculos de Neri, essa parcela mais pobre representava 30,3% da população no ano passado, o correspondente a 62,3 milhões de pessoas, frente a 30,1% do ano anterior.

“Temos instrumentos que precisam atuar para a inclusão produtiva dos mais pobres, com geração de empregos, incentivo ao empreendedorismo. E também pensar em ‘upgrade’ do Bolsa Família, que é um programa bem focalizado”, disse o especialista, ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos durante o governo de Dilma Rousseff.

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Em meio às mudanças nas pontas das pirâmides, a classe C ficou menor de 2017 (56,3%) para 2018 (55,3%). A alteração pode ser explicada com a volta de famílias para o estrato social mais alto. A nomeada “nova classe média”, uma das responsáveis pelo boom consumista no início dos anos 2010, está representada por 115,3 milhões de pessoas.

Além disso, o levantamento da FGV Social mostra que as classes A e B chegaram a representar 15,5% da população em 2014, ponto máximo da série elaborada pelo economista. O ponto mais baixo foi registrado em 2016, quando representaram 13,6% da população.

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Jader Lazarini

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