China desvaloriza yuan como retaliação na guerra comercial com EUA

O Banco Central da China decidiu nesta segunda-feira (5) desvalorizar o yuan em seu menor nível desde 2008. A decisão da autoridade central monetária chinesa foi em resposta aos impostos alfandegários decididos pelo governo dos Estados Unidos.

A moeda da China superou a marca de 7 yuan por dólar pela primeira vez desde 2008. A decisão do Banco Central chinês gerou uma onda de vendas na Bolsa de Valores de Nova York. Os principais mercados globais também foram afetados pela medida, fechando em negativo.

A decisão do Banco Central de Pequim é mais um capítulo na guerra comercial com os EUA. O governo chinês quer tentar anular o efeito dos novos impostos alfandegários decididos pelos Estados Unidos. Essa alteração no câmbio poderia provocar novas retaliações por pare de Washington.

Novos impostos alfandegários contra a China

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na última quinta-feira (1) a imposição de novos impostos alfandegários. A partir do dia 1º de setembro será aplicada uma tarifa de 10% sobre mais US$ 300 bilhões de importações de bens chineses.

Saiba mais: Estados Unidos vão impor novas tarifas em produtos da China, diz Trump 

Essa nova rodada de impostos alfandegários abrange praticamente todo o conjunto de compras realizadas pelos EUA com a China. Segundo Trump, está sendo cogitada a possibilidade de aumentar essa porcentagem de impostos alfandegários “bem além de 25%”.

Reação chinesa

A China reagiu ao movimento de Trump suspendendo as compras de novos produtos agrícolas norte-americanos. Agora a decisão de retaliar utilizando o instrumento do câmbio foi mais uma medida nessa direção.

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O governo dos EUA apresentou queixas ao longo dos anos por causa dessa política de câmbio artificialmente depreciado por parte da China. Pequim sempre segurou a cotação do yuan muito baixa para favorecer suas exportações em escala global. Entretanto, essa ulterior depreciação poderia gerar uma fuga de capitais do país asiático.

Mais pressões sobre o FED

A decisão da China de depreciar o yuan também tende a aumentar a pressão sobre o Federal Reserve (Fed). O Banco central norte-americano poderia voltar a cortar as taxas de juros de referência, após a redução de 0,25 ponto percentual decidida na semana passada. Atualmente as taxas básicas de juros dos EUA estão na faixa de 2,00% a 2,25%.

Carlo Cauti

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