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Caixa prepara até R$ 7 bi de reservas contra calotes imobiliários

A Caixa Econômica Federal está preparando uma reserva de até R$ 7 bilhões contra eventuais calotes imobiliários. A provisão extraordinária também deverá cobrir a desvalorização de imóveis que foram retomados pelo banco.

A decisão de preparar essa reserva extraordinária foi um pedido do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães. A informação é da agência Reuters. O executivo pediu a adoção de uma abordagem contábil mais conservadora em relação a possíveis prejuízos derivantes do setor. A Caixa é o maior financiador imobiliário do Brasil, tendo registrado em setembro uma carteira de R$ 440 bilhões em empréstimos.

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Desse total, cerca de 6,6% seriam operações imobiliárias classificadas pelo banco com ratings de “D” a “H”. Essas operações têm maior chance de não pagamento pelos tomadores de empréstimos. A Caixa já detêm uma carteira de R$ 10 bilhões de “bens não de uso próprio”. Esses bens são imóveis retomados por inadimplência do mutuário. Um valor em aumento em relação a um ano antes, quando o montante tinha sido de R$ 7 bilhões.

Caso a reserva de R$ 7 bilhões seja efetivada, o lucro anual da Caixa acabará sendo reduzido para menos de R$ 10 bilhões. Nos primeiros três trimestres de 2018, o lucro líquido do banco estatal tinha sido de R$ 11,5 bilhões, com previsão de crescimento para R$ 16 bilhões até dezembro.

Setor complicado

Nos últimos anos, os governo federais que se sucederam utilizaram a Caixa para tentar estimular a economia nacional. O banco começou a oferecer empréstimos mais baratos, ganhando cada vez mais participação no mercado de crédito. Uma expansão que ocorria enquanto os rivais privados se retraiam.

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Entretanto, a partir da crise econômica de 2015-2016, a Caixa Econômica Federal foi forçada a reduzir drasticamente suas concessões de financiamento. Além disso, começou a elevar suas provisões para perdas com calotes e a se concentrar em segmentos considerados de menor risco, como o imobiliário.

Mesmo assim,  a Caixa começou a registrar perdas maiores com o setor imobiliário. Um problema devido em parte a desvalorização dos imóveis que foram retomados por inadimplência. Em 2018 o banco tentou vender, sem êxito, lotes de imóveis retomados para grandes investidores.

Decisão cria polêmica

A decisão de criar a reserva extraordinária gerou insatisfação entre os executivos da Caixa. A ordem de Guimarães é considerada como uma desautorização às práticas adotadas até o fim de 2018. Uma gestão que tinha o aval de auditores independentes, do Banco Central e do Tribunal de Contas da União (TCU).

Além disso, a reserva extraordinária se transformará em uma redução da participação dos lucros distribuída aos empregados.

A Caixa Econômica Federal ainda não divulgou seu balanço de 2018. É o único grande banco brasileiro que ainda não publicou suas demonstrações contábeis do ano passado. E não foi indicada uma data para que os números sejam divulgados.

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Entretanto, a decisão de Guimarães tenta alinhar as práticas da Caixa Econômica Federal às utilizadas pelos bancos privados. Uma medida preparatória para a venda parcial de ativos do banco. Entre os negócios que poderiam ser cedidos, estão os braços de seguros, de cartões e de gestão de recursos.

Carlo Cauti

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