Novos cabos submarinos aumentam conexão entre Brasil e o mundo

Uma nova leva de cabos submarinos está chegando ao Brasil para renovar boa parte da infraestrutura que começou a ser construída no início dos anos 2000. Um deles é o cabo Monet, concluído no fim de 2017 e que começou a funcionar no começo de 2018.

Responsáveis por 99% das comunicações transoceânicas, segundo o livro The Undersea Network, de Nicole Starosielski, os cabos submarinos têm 80% de seu uso voltados para a internet. “Quando acessamos um site de outro país, que não possui um servidor aqui, são eles que fazem a transmissão”, diz Eduardo Tude, presidente da Teleco, consultoria especializada em telecomunicações. A reportagem foi publicada pelo jornal Gazeta do Povo.

O cabo Monet é resultado de uma parceria entre Angola Cables, Google, Algar Telecom e Antel (empresa de Telecom uruguaia). Ele sai de Praia Grande, no litoral de São Paulo, passa por Fortaleza, no Ceará, e chega a Boca Ratón, em Miami, nos Estados Unidos. São mais de 10 mil quilômetros de extensão e capacidade total de 64 terabytes, dividida entre os sócios de acordo com o investimento feito por cada um.

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A brasileira Algar Telecom ficou com 10 Tbps dos 64 Tbps do Monet. Ela pode ou vender essa capacidade para outras empresas de telecomunicação ou fazer uso para sua própria rede. Segundo a reportagem, o plano da Algar é comercializar metade e utilizar o restante para sua rede de dados de celular, banda larga e demais serviços.

A venda da capacidade é um serviço de telecomunicações que o setor chama de conectividade internacional. A grande maioria das empresas que contratam esses serviços não têm cabeamento próprio e precisam dessa estrutura. “Hoje estamos num seleto mercado de operadores capazes de vender capacidade. Mas o que vislumbramos é a venda de soluções completas para operadoras internacionais que veem no Brasil oportunidade de crescimento e querem vir para cá atender seus clientes”, diz Luiz Felippe de Abreu, diretor nacional de atacado da Algar Telecom.

Outros cabos

Além do Monet, há outros cabos em fase final de construção ou que começaram a funcionar recentemente no Brasil.

  • Seabras-1: opera desde 2017, tem capacidade de 72 Tbps e liga São Paulo a Nova York;
  • SACS (Sistema de Cabos Submarinos do Sul do Atlântico): liga Luanda, na Angola, a Fortaleza. Tem capacidade de 40 Tbps;
  • SAIL (South Atlantic Inter Link): liga Kribi, em Camarões, a Fortaleza. Sua capacidade chega a 32 Tbps;
  • Tannat: ramal do Monet com 2 mil quilômetros de extensão. Liga São Paulo a Maldonado, no Uruguai. Sua capacidade é de 90 Tbps;
  • Júnio: também interligado ao Monet, liga Praia Grande ao Rio de Janeiro;
  • BRUSA: liga o Brasil a Porto Rico e ao estado da Virgínia, nos Estados Unidos. Sua capacidade é de 138 Tbps

Segundo Tude, esses novos cabos submarinos passando pelo Brasil levarão a uma queda nos preços nas conexões entre Brasil e Estados Unidos. “Como possuem uma capacidade muito maior à dos cabos mais antigos, a oferta é muito maior. Se comparássemos, antigamente, o que se pagava pela conexão Brasil-Estados Unidos e Londres-Estados Unidos, pagávamos 16 vezes mais. Agora, a diferença caiu para cinco vezes”, afirma.

Guilherme Caetano

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