BRF tem novo prejuízo em 2018 e perdas somam R$ 4,466 bilhões

A BRF registrou um prejuízo líquido de R$ 4,466 bilhões em 2018, perdas 306% maiores do que as aferidas em 2017. Naquele ano o prejuízo foi de R$ 1,099 bilhão. O balanço financeiro foi divulgado nesta quinta (28).

Os resultados trimestrais da BRF também pioraram. O prejuízo no último trimestre do ano foi de R$ 2,125 bilhões, tendo uma alta de 171% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando as perdas somaram R$ 784 milhões.

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O presidente da companhia, Pedro Parente, afirmou que 2018 “foi o ano mais desafiador de 10 anos de história da BRF”. “Medidas protecionistas que fecharam importantes mercados importadores, a pressão de custos em um mercado doméstico onde não foi possível repassar preços e a greve dos caminhoneiros estão entre os principais elementos externos deste período”, declarou.

A Operação Trapaça, ação da Polícia Federal que resultou na prisão do ex-presidente global da empresa, Pedro de Andrade Faria, foi mencionada como um “desafio” pela BRF em comunicado oficial.

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“Os desdobramentos da Operação Trapaça levaram à exclusão de 12 plantas da BRF da lista de estabelecimentos aprovados para exportar para a União Europeia, um importantíssimo mercado para a Companhia. Também sofremos com a imposição repentina de tarifas antidumping pela China, fruto do recrudescimento das tensões comerciais que dominaram a pauta internacional durante o ano de 2018, e a continuidade da suspensão de importação de suínos pela Rússia imposta ao final de 2017 e que perdurou por todo o ano”, diz a nota.

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Os lotes da Perdigão proibidos pela Anvisa

O último baque à companhia foi em 14 de fevereiro, quando a Anvisa proibiu a venda de lotes de carne de frango da Perdigão. A decisão da agência foi tomada depois do recall voluntário da BRF, dona da marca. A preocupação é de que os lotes estejam contaminados com a bactéria Salmonella enteritidis.

A empresa informou que “a decisão de recolher todos os lotes, ao invés de partes da produção afetadas, segue o princípio da precaução e o compromisso da companhia com Segurança Alimentar, Qualidade e Transparência”.

O recall ocorre cerca de um ano após a deflagração da Operação Trapaça, investigação iniciada pela Polícia Federal (PF). A operação também apura supostas fraudes cometidas por ex-funcionários da BRF para burlar os testes de salmonela. 

A Operação Trapaça levou a União Europeia (UE) a proibir a BRF de exportar carne de frango em seu território. Por causa da operação, a empresa estaria negociando um acordo de leniência com o Ministério Público Federal (MPU) e Controladoria-Geral da União (CGU). Esse seria o primeiro acordo em que uma empresa reconhece sua responsabilidade em crimes contra a saúde pública.

Guilherme Caetano

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